Médicos têm que permitir interrupção de gestação para fetos anencéfalos, diz MP

O Ministério Público da Paraíba (MPPB) recomendou aos médicos integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) que cumpram a Resolução 1989/2012 do Conselho Federal de Medicina, que permite a interrupção da gravidez em caso de fetos que tenham o diagnóstico de anencefalia.

A Recomendação Ministerial nº 47/2017 foi expedida pela Promotoria de Justiça de Patos, após o caso envolvendo uma maternidade daquele município que exigiu autorização judicial para proceder a interrupção da gravidez de uma gestante de 15 anos, uma exigência desnecessária, porque o procedimento já é regulado pelo CFM.

A recomendação foi expedida e assinada por todos os promotores de Justiça que atuam na região de Patos, que são: Alberto Vinícius Cartaxo da Cunha, Elmar Thiago Pereira de Alencar, Glauco Coutinho Nóbrega, Lívia Vilanova Cabral, Pedro Henrique de Freitas Andrade e Uirassu de Melo Medeiros.

O ato visa evitar que se repita a exigência e a conduta ilegal praticada pela maternidade e por outros médicos. A recomendação também destaca que não se deve confundir anencefalia (ausência de encéfalo ou cérebro, numa linguagem mais popular) com microcefalia (malformação que implica na pequenez anormal da cabeça).

“O STF garantiu o direito à antecipação terapêutica do parto na ADPF nº 54/DF. O procedimento não exige autorização judicial e é regulado pela Resolução nº 1989/2012 do CFM. A recomendação foi motivada em razão de um caso concreto, no qual a maternidade exigiu autorização judicial para o ‘aborto’, quando deveria fazer uma ata contendo todas as informações necessárias. A necessidade de autorização judicial traz atraso na realização do procedimento, gerando sofrimento emocional desnecessário à gestante, que precisa aguardar a decisão judicial, que pode demorar bastante tempo, em razão de discussões sobre o magistrado competente para apreciar a questão”, ressaltou Alberto Cartaxo da Cunha.

O caso de Patos

Para expedir a recomendação, os promotores consideraram os fatos que constam no processo nº 0802989-82.2017.8.15.0251, no qual uma menina de 15 anos foi diagnosticada gestante de um feto anencéfalo e uma maternidade da cidade lhe exigiu, para a prática de aborto terapêutico, a desnecessária concessão de alvará judicial para a realização do procedimento.

A gestante só se submeteu ao procedimento de interrupção da gravidez depois da autorização judicial. Na recomendação, o Ministério Público também esclareceu que a omissão do Estado, neste caso, repercutiu em violação da dignidade da pessoa humana.

O que diz o CFM

De acordo com a resolução do CFM, na ocorrência do diagnóstico inequívoco de anencefalia o médico pode, a pedido da gestante, independente de autorização do Estado, interromper a gravidez. O diagnóstico de anencefalia é feito por exame ultrassonográfico, realizado a partir da 12ª semana de gestação. Na autorização deve constar fotografias do feto e o laudo assinado por dois médicos, capacitados para tal diagnóstico.

CARIRI EM AÇÃO

Com G1 /Foto: Reprodução google  

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