Devagarzinho, Cássio tratora mais um concorrente na tentativa de voltar ao Senado

Dizem que a política é dinâmica. Claro, é feita por pessoas, pelas vontades de cada agente político. Essa dinamicidade faz parte do xadrez político. Enquanto o pré-candidato ao Governo do Estado, José Maranhão, tem sido notável por estar conseguindo resistir e manter as suas pretensões políticas no auge de seus mais de 80 anos de vida, tem alguém que está movimentando suas peças na surdina, mas para os holofotes, o discurso é totalmente diferente da prática. Este alguém é Cássio Cunha Lima (PSDB), que articula a todo custo a viabilidade de sua reeleição ao Senado. Mas ele não quer uma disputa competitiva. Ele quer uma corrida eleitoral fácil e para isso, não poupa nem mesmo seus aliados políticos.

Na saga quase heróica que Cássio realiza para consolidar seu nome no favoritismo do eleitorado em meio a uma crise política que despertou na população uma maior crítica sobre o Estado de Direito em que ela vive e insurgência de uma mudança concreta no Congresso Nacional e no padrão sistemático na Presidência da República, que destaca novas personalidades políticas de várias matizes, o tucano paraibano sacrifica até mesmo a história do partido que é filiado.

É fácil de entender. Para além da ficha política que possui, como deputado constituinte, superintendente da Sudene, prefeito de Campina Grande, governador do Estado por duas vezes, sendo a segunda experiência a mais traumática entre aqueles que passaram por este posto por conta da cassação do mandato, senador eleito, privado de um pouco mais de um ano de seu atual mandato por conta de questões judiciais que definiram sua elegibilidade tardiamente, Cássio foi uma das vozes do maior fato político nacionais nas últimas duas décadas.

Não vamos discutir se foi golpe ou não, mas derrubar Dilma Rousseff (PT), legitimamente eleita pela maioria dos brasileiros, ser best friend de Aécio Neves (PSDB) e posar com Michel Temer (MDB), o presidente mais impopular em várias ocasiões, não rendem bons frutos para alguém que quer ser reeleito. A situação ficou tão feia que o PSDB, partido que historicamente é um dos polos fundamentais para as eleições estaduais, não teve força suficiente de apresentar uma candidatura antagônica ao projeto do governador Ricardo Coutinho (PSB). Reduzido à coadjuvação.

Cássio sabia que o páreo estava duro para a senatória. Dentro do bloco das oposições, ele tinha como rivais dois nomes que poderiam tratorar suas pretensões. Primeiro, Lucélio Cartaxo (PV), que em 2014 estreou na política com votação surpreendente, e que se voltasse a se candidatar ao Senado, teria grandes chances de vencer, já que este ano há duas vagas disponíveis na bancada paraibana. Segundo era o senador Raimundo Lira, que apesar de não ter carisma e popularidade, é um excelente senador, voltado para o método municipalista, auxiliando Estado e municípios para uma melhor relação com o Governo Federal.

Com a desistência de Luciano Cartaxo pela disputa ao Governo do Estado, Cássio viu o perigo e saiu logo a anunciar apoio para a pré-candidatura de Lucélio, um nome que não tem musculatura nem maturidade político-eleitoreira, nem mesmo administrativa, para comandar uma máquina tão complexa quanto o Governo. Ao anunciar apoio a Lucélio, Cássio não fortalecia Lucélio, o anularia para o que realmente importa para o tucano.

E Lira, que resolveu se desgarrar do grupo político de Ricardo e até mesmo do MDB, partido que estava filiado há décadas, para apostar em uma dobradinha com Cássio, foi mais um sacrificado. A aliança era apenas discurso para a imprensa. Nas bases, o tucano pedia votos para si e convenientemente esquecia até mesmo de Lucélio, que dirá de Lira.

Na última conversa que tive com o senador Lira, e não faz muito tempo, ele se mostrava leal. Eu queria repercutir a briga entre ele e José Maranhão. Ele dizia: vamos falar de Cássio, da boa relação que tenho com ele. Questionei se ele acreditava que o tucano pediria votos para ele e ele assentiu que sim.

Mas Lira foi tratorado. E no esquema da oposição, o nome de Manoel Júnior crescia para uma candidatura ao Senado.

A pergunta do momento é: quem será a próxima vítima? Fiquemos atentos

CARIRI EM AÇÃO

Com Edilane Ferreira- PB Já/Foto: Reprodução Internet

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