Produção industrial brasileira avança 0,2% em novembro

A produção industrial brasileira avançou 0,2% em novembro frente ao mês anterior, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE. Em outubro, a taxa havia caído 1,2% na comparação com setembro. Em relação a igual mês do ano passado, a queda foi de 1,1%. A queda registrada na comparação com novembro do ano anterior é a 33º taxa negativa consecutiva nessa comparação, mas a menos intensa desde março de 2014, quando a produção industrial recuou 0,4%.

No resultado acumulado nos onze primeiros meses do ano há, no entanto, uma perda de 7,1%. Nos doze meses encerrados em novembro, a queda chega a 7,5%. A retração no acumulado nos últimos 12 meses reduziu o ritmo de queda em relação ao registrado na mesma comparação em junho, julho, agosto, setembro e outubro.

– Embora o resultado do mês na margem seja positivo, ele não elimina a perda de 1,2% registrada em outubro e nem reverte a tendência de resultados negativos do setor, influenciada pela maior desocupação e menor demanda interna. O que tem de diferente em novembro é que há um espalhamento de resultados positivos entre os ramos e grandes atividades pesquisadas. Já o resultado negativo na comparação com novembro do ano passado, ainda assim é o menos intenso desde março de 2014 – explica André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do

IBGE.

A variação positiva de 0,2% foi influenciada principalmente por uma alta pontual no segmento veículos, em razão da normalização da produção de uma montadora. A indústria ainda opera no mesmo patamar de dezembro de 2008 e 21,4% abaixo do pico da série histórica, registrado em junho de 2013.

A previsão dos analistas ouvidos pela Bloomberg era de alta de 1,6% em relação a outubro e de 0,3% em relação ao mesmo mês do ano passado. Pelo resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre do ano, a atividade industrial teve queda de 2,9% em relação ao segundo trimestre, puxada por uma perda de 4,9% da construção e 3,5% da indústria de transformação.

O setor caminha para acumular três anos seguidos de retração, quando consideradas as previsões para 2016. Sob impacto da retração do setor automotivo, a produção da indústria brasileira teve queda de 8,3% em 2015. Foi o pior desempenho da atual série histórica da pesquisa do IBGE, iniciada em 2003.

PREDOMINÂNCIA DE TAXAS POSITIVAS

Entre as grandes categorias, na passagem de outubro para novembro, apenas uma das quatro grandes categorias registrou resultado negativo. Bens de capital teve alta de 2,5%, bens intermediários teve alta de 0,5%, bens de consumo duráveis cresceu 4% e semiduráveis e não duráveis teve queda de 0,5%. Em relação a novembro de 2015, apenas bens de capital (1,1%) e bens de consumo duráveis (9%) tiveram resultado positivo. Bens intermediários caiu 0,6% e bens semiduráveis e não duráveis caiu 4,8%.

– Em relação às grandes categorias econômicas, tanto no resultado da margem quanto na comparação com novembro de 2015, bens de capital e bens de consumo duráveis tiveram resultados positivos impactados principalmente pela melhora na produção de automóveis e caminhões – explica Macedo.

No mês de novembro, diz Macedo, a alta na produção de automóveis reflete a normalização da produção de uma montadora em específico, que havia tido paralisação entre agosto e setembro. Já o incremento de bens de capital agrícolas, como tratores, foi influenciado pelos investimentos feitos devido a perspectiva de boa safra para 2017. Assiim, houve impacto positivo em bens de capital.

Na passagem de outubro para novembro de 2016, 13 dos 24 ramos pesquisados mostraram taxas positivas. Destaque para o avanço de 6,1% registrado por veículos automotores, reboques e carrocerias. Outras contribuições positivas relevantes sobre o total nacional vieram de indústrias extrativas (1,5%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (6,6%), de máquinas e equipamentos (2,4%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (4,4%), de produtos de minerais não-metálicos (2,2%) e de produtos de borracha e de material plástico (2,2%).

Já entre os 11 ramos que reduziram a produção em novembro, o desempenho de maior impacto no resultado geral da indústria foi assinalado por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, que recuou 3,3%. Outros impactos negativos importantes foram observados nos setores de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-1,8%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-3,1%), de outros equipamentos de transporte (-5,7%), de produtos alimentícios (-0,3%) e de produtos de metal (-1,6%). Essas atividades também apontaram taxas negativas em outubro: -1,9%, -3,4%, -4,2%, -3,3% e -2,6%, respectivamente.

RECUO EM MAIS DA METADE DOS ITENS

Na comparação com novembro de 2015, a queda de 1,1% é resultado de recuos em duas das Quatro grandes categorias econômicas, 16 dos 26 ramos, 43 dos 79 grupos e 55,7% dos 805 Produtos pesquisados. Entre as atividades, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-9,3%) exerceu a maior influência negativa na formação da média da indústria, assim como ocorreu na passagem de mês. Outras contribuições negativas relevantes vieram de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-13,4%), de outros equipamentos de transporte (-20,5%), de produtos de minerais não-metálicos (-6,8%), de bebidas (-6%), de produtos alimentícios (-1,5%), de produtos de metal (-7%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-7%) e de produtos de borracha e de material plástico (-4,5%).

Por outro lado, entre as dez atividades que apontaram expansão na produção, a principal influência foi registrada por veículos automotores, reboques e carrocerias (13,4%). Vale destacar também os resultados positivos vindos de indústrias extrativas (4,4%), de celulose, papel e produtos de papel (7,1%) e de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (10,2%).

CARIRI EM AÇÃO 

Com O Globo/Foto: Reprodução

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