A doença que, embora não-contagiosa, é estigmatizante e afeta psicologicamente seus portadores. Caracterizado pela perda da pigmentação da pele, o vitiligo acomete cerca de 0,5% da população mundial. As causas ainda são desconhecidas, mas já se sabe que fatores emocionais podem desencadear ou agravar essa doença autoimune.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), as lesões se formam devido à diminuição ou ausência de melanócitos, células responsáveis pela formação da melanina, pigmento que dá cor à pele. O tamanho das manchas brancas é variável.
A maioria dos pacientes de vitiligo, segundo os dermatologistas, não manifesta qualquer sintoma além do aparecimento das manchas brancas na pele. Mesmo não havendo cura para a doença, muitos pacientes podem repigmentar totalmente a pele e se manter estáveis por longo prazo.
“No entanto, para obter sucesso no tratamento, é importante que a consulta ao dermatologista, para diagnóstico e tratamento, seja realizada precocemente”, disse o médico Caio Cesar Silva de Castro, do Departamento de Dermatologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e da SBD.
O tratamento é individualizado e deve ser discutido com um médico dermatologista, conforme as características de cada paciente. Os resultados podem variar consideravelmente entre uma pessoa e outra. Os pacientes também devem seguir algumas recomendações, como evitar usar roupas apertadas, que provocam atrito sobre a pele, diminuir a exposição ao sol e controlar o estresse, que são fatores que podem precipitar o aparecimento de novas lesões ou acentuar as já existentes.
Pesquisa
Ao longo dos últimos seis meses, a sociedade fez uma pesquisa inédita sobre a prevalência do vitiligo no Brasil, entrevistando 17.004 pessoas de 6.048 municípios, com idade média de 41 anos e residentes em 87 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes.
A ausência de dados populacionais consolidados sobre a doença no país motivou a entidade a realizar o estudo, que teve como coordenadores os dermatologistas Caio Castro e Helio Miot, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
A enquete foi feita em duas etapas. A primeira fase, coordenada pela Unidade de Pesquisa em Saúde Coletiva da Unesp, consistiu em entrevistas telefônicas selecionadas de forma aleatória nas cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes. Na segunda fase, a coleta de dados incluiu entrevistas individuais com pessoas que apresentaram diagnóstico de vitiligo.
A primeira fase da pesquisa brasileira identificou 97 casos de vitiligo (0,57%), com 48 diagnósticos da doença em homens e 49 em mulheres, e idades entre 22 e 46 anos. “Notamos que o crescimento da prevalência ocorre em função da faixa etária, o que faz sentido, pois o vitiligo é uma doença crônica que começa na juventude e vai acompanhando a velhice”, disse Castro.
As regiões Centro-Oeste (0,69%), Sudeste (0,66%) e Norte (0,65%) apresentaram os maiores índices da doença, enquanto o Nordeste (0,39%) e o Sul (0,40%) registraram os menores números.
Segundo o médico Helio Miot, a partir dos dados, a Sociedade Brasileira de Dermatologia vai investigar se onde há mais médicos da especialidade o número de casos de vitiligo é maior. “Também faremos uma análise da composição étnica da população e da irradiação solar anual.”