Para evitar gravações, Temer instala misturador de voz no gabinete

Para evitar que o presidente Michel Temer seja mais uma vez gravado, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) instalou no gabinete presidencial um dispositivo que dificulta a compreensão de áudios captados por aparelhos eletrônicos.

Chamado de “misturador de voz”, o aparato instalado há três semanas emite sinais sonoros, não captados pelo ouvido humano, que interferem na gravação do som ambiente e sobrepõem o áudio de conversas feitas no local de despachos do presidente.

Segundo a Folha apurou, o dispositivo também está sendo instalado em gabinetes ministeriais e se discute colocá-lo também no Palácio do Jaburu, onde o empresário Joesley Batista, da JBS, gravou conversa com o presidente. O conteúdo foi utilizado na denúncia contra o peemedebista por corrupção passiva.

Procurado pela Folha, GSI informou que não vai se manifestar sobre a instalação do aparelho.

O aparato não é o primeiro dispositivo de segurança instalado no gabinete presidencial. Em maio, o peemedebista recebeu um telefone protegido por criptografia.

Um TSG (Telefone Seguro) possui dispositivo de criptografia para comunicações telefônicas e oferece segurança no tráfego de voz e dados.

Ligações feitas entre dois aparelhos criptografados podem ser interceptadas, mas o diálogo fica ininteligível. Entretanto, quando um telefone criptografado se comunica com um sem proteção, de nada adianta a criptografia.

Daí o aconselhamento de segurança de que o presidente só pode usar telefones com criptografia nas duas pontas da ligação.

Além de Joesley, Temer foi gravado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que deixou o cargo após ser pressionado pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima a viabilizar um empreendimento imobiliário no qual tinha adquirido apartamento.

Na época, o peemedebista disse que, como uma medida de transparência, avaliava gravar as audiências promovidas no gabinete presidencial, mas até agora não o fez.

“Estou pensando em pedir ao GSI que grave -e aí, publicamente, não é clandestinamente- as audiências do presidente. Para que todos possam dizer o que possam dizer, e que eu possa dizer aquilo que devo dizer”, disse no ano passado.

CARIRI EM AÇÃO

Com Folha de São Paulo/Foto: Google

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