Indignado com a pressão liderada pelo presidente interino do PSDB, Tasso Jereissatti (CE), para que renuncie à presidência do partido, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) diz que só aceita sair se o senador cearense sair junto. Aécio poderia indicar um outro vice-presidente para comandar o partido, assim como indicou Tasso, para preparar sua sucessão, que será realizada na convenção da legenda marcada para dezembro.
Além de Tasso, são vice-presidentes o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes; o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman e os deputados Carlos Sampaio (SP) e Giuseppe Vecci (GO). O último é aliado do governador de Goiás, Marconi Perillo, que lançou na quinta-feira sua candidatura à sucessão de Aécio.
Integrantes do PSDB ligados a Aécio enxergam um movimento de Tasso e seu grupo para afastá-lo e usar a estrutura da presidência para pavimentar sua reeleição no cargo, agora de forma definitiva, na convenção.
O presidente do diretório mineiro, deputado Domingos Sávio, diz ser incompreensível a tentativa de Tasso de tirar Aécio. Ele considerou infeliz a declaração do presidente interino de que Aécio “não tem mais condições” para ficar no cargo.
— O Tasso estaria fazendo pressão para Aécio sair porque é candidato a presidente definitivo. Se for isso, fez o pior dos movimentos. Se tiver pretensões de concorrer, o ideal é que tenhamos no comando do processo sucessório alguém com condições de maior imparcialidade. Presidir e disputar irá intensificar feridas que não fecham num momento que não é saudável para o nosso projeto de 2018. Então, Aécio sai, mas assume um outro vice-presidente com condições mais isentas de presidir até a convenção — disse o deputado Domingos Sávio.
Na quinta-feira, Tasso se reuniu com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em busca de saídas para o impasse. Mas, por enquanto, decidiu-se esperar que Aécio tome a decisão de sair ou não. Caso ele não saia, interlocutores de Tasso negam que ele esteja disposto a entregar o cargo, como fez há alguns meses, antes de recuar diante do acerto que Aécio continuaria até a convenção de dezembro.
— O senador Tasso tem todo o direito de disputar a presidência do PSDB, mas não precisava tirar o Aécio. Para quê? Para ter uma candidatura hegemônica? O partido vive um clima de guerra desde que Tasso assumiu a presidência, primeiro com aquele programa desastrado de TV sem discutir com ninguém que deixou todo mundo engasgado. Agora com essas declarações infelizes também sem discutir com o partido — atacou Domingos Sávio.
Um dos líderes dos cabeças pretas, grupo que apoia Tasso, o deputado Daniel Coelho (PPE) pede cautela e defende que o impasse seja conduzido com serenidade e que Aécio tem que pensar no partido.
— Se esse processo for mal conduzido pode virar guerra. Aécio sair e derrubar Tasso, é o mesmo que não sair. Espero que Aécio pense no partido nesse momento, vá se concentrar em sua defesa deixando o partido reconstruir sua pauta _ defendeu Daniel Coelho.
Outros aliados de Aécio dizem que o raciocínio de Domingos Sávio é majoritário, no sentido de que se Tasso quer disputar a presidência, o justo é que saia antes para que haja isenção no processo. Dizem também que Aécio tem maioria na Executiva e que, depois de “aguentar o que aguentou, recebeu solidariedade e isso não vai sair barato”.
Procurado, o senador Tasso Jereissatti disse que não irá comentar.
CARIRI EM AÇÃO
Com O globo/Foto:Google
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