O presidente Michel Temer vai examinar no domingo, 19, em reunião com ministros e aliados, uma série de planilhas contendo as composições das bancadas na Câmara, a fim de checar quantos votos cada um dos partidos da base vai lhe dar na reforma da Previdência. O “mapa da mina” servirá de ponto de partida para Temer decidir as mudanças no primeiro escalão de sua equipe. As trocas serão feitas em duas etapas e o foco inicial será o PSDB.
Na tentativa de aprovar mudanças no regime de aposentadoria até meados de dezembro, o Palácio do Planalto condiciona a nova distribuição de cadeiras nos ministérios aos votos dados pelos aliados para a mexida na Previdência.
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o deputado Beto Mansur (PRB-SP), um dos vice-líderes do governo na Câmara, levarão ao presidente planilhas com dados sobre os deputados e a proporcionalidade das bancadas. Ali também estarão informações preciosas sobre como cada parlamentar se posicionou em votações consideradas fundamentais pelo Planalto, como as denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República contra Temer.
“Toda essa movimentação política precisa ter um resultado, que é a aprovação da reforma da Previdência”, disse Mansur. “Não dá para fazer trocas na equipe e não ter a contrapartida que interessa.”
Tucanos. Prestes a desembarcar do governo, o PSDB convocou uma reunião de sua Executiva para quarta-feira, em Brasília, com o objetivo de discutir, além do cenário político, a reforma da Previdência. O partido convidou especialistas para abordar o assunto. Até agora, tucanos afirmam que, mesmo deixando a Esplanada, votarão a favor de mudanças para acabar com “privilégios”.
Atualmente, o governo não tem os 308 votos necessários para aprovar a proposta de emenda à Constituição e, por isso, foi obrigado a desidratá-la. Mesmo assim, pelos cálculos da Câmara, nem 200 deputados endossam hoje o projeto — o Planalto avalia que tem um pouco mais. A negociação, agora, se concentra na idade mínima para a aposentadoria (62 anos para mulheres e 65 para homens) e na unificação das regras do funcionalismo público com as da iniciativa privada.
“Vamos trabalhar para ter pelo menos 320 votos na Câmara. Se o partido A quer ampliar o seu espaço no governo, precisamos saber quantos votos vai dar para a reforma da Previdência. Mesma coisa com o partido B e assim por diante. Cada líder de bancada terá de ajudar nessa caça aos votos”, insistiu Mansur. Na lista das bancadas mais fiéis a Temer estão a ruralista e a da bala, que abrigam siglas conservadoras.
Para o deputado, que conversou recentemente com Temer, a reforma ministerial também será enxuta. “O presidente vai fazer uma reforma pontual para realinhar o PSDB com os outros partidos da base e, depois, com mais calma, fará as outras alterações. Não tem cabimento, por exemplo, trocar o Mendonça Filho (Educação) e o Henrique Meirelles (Fazenda) em dezembro porque o Bruno Araújo se adiantou para sair”, completou ele.
Filiado ao PSDB, Araújo pediu demissão na segunda-feira, abrindo caminho para Temer antecipar a dança de cadeiras. Com um orçamento de R$ 10,1 bilhões, Cidades é um dos ministérios mais cobiçados da Esplanada e deve ser entregue ao PP, um dos partidos que compõem o Centrão. Os tucanos também controlam a Secretaria de Governo — responsável pela articulação política do Planalto com o Congresso –, Relações Exteriores e Direitos Humanos. Pela lei eleitoral, o prazo para os ministros-candidatos deixarem o governo termina no início de abril.
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