Temer corre contra o tempo para agradar base, fechar reforma ministerial e aprovar Previdência

O presidente Michel Temer tem uma semana para consertar o desajuste em sua base aliada a fim de tentar votar a reforma da Previdência no início de dezembro. O prazo é curto e o trabalho está mais complicado do que o previsto.

Temer acreditava ter resolvido a desorganização na sua base de apoio ao escolher Alexandre Baldy para comandar o Ministério das Cidades, mas viu a semana terminar com os aliados ainda insatisfeitos pela confusão criada na troca – não concretizada – do ministro da articulação política.

O resultado, segundo interlocutores do presidente Temer, foi o “clima de velório” no jantar oferecido aos deputados governistas na quarta-feira (22), que teve baixíssima adesão. O quórum reduzido gerou reclamações do Palácio do Planalto a seus líderes.

“Vocês vieram, mas não trouxeram seus liderados”, foi a cobrança feita por assessores de Temer diretamente a vários líderes de partidos governistas que estavam presentes no Palácio da Alvorada.

Em resposta, o governo ouviu que o clima para aprovação da reforma da Previdência ainda não é o mais positivo, apesar dos avanços com a nova versão da proposta.

O governo queria transformar o jantar numa demonstração de força política. O objetivo era reunir cerca de 250 deputados no encontro de apresentação da nova versão das mudanças nas regras de aposentadoria.

Pouco mais de cem compareceram. A baixa adesão refletiu o fracasso do Palácio do Planalto em reorganizar totalmente sua base de apoio no Congresso Nacional.

Para tentar melhorar de vez o humor dos aliados, o presidente prometeu que vai, sim, indicar um ministro peemedebista para a Secretaria de Governo assim que o PSDB anunciar o desembarque oficial do ministério.

A expectativa é que isso ocorra antes do final de novembro. Foi o prazo pedido pelos tucanos para evitar a imagem de que eles foram expulsos da Esplanada dos Ministérios. E, quando isso acontecer, a promessa é que o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) será mesmo o indicado.

A intenção de Temer era resolver nesta semana a novela sobre a articulação política de seu governo, depois de já ter agradado aos partidos do antigo Centrão ao entregar o Ministério das Cidades para um afilhado do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que costurou a indicação de Baldy com PP, PR, PMDB e DEM.

O próprio presidente já reconhecia a interlocutores que a situação do ministro tucano Antônio Imbassahy (PSDB-BA), atual responsável pela articulação política, havia ficado insustentável. Afinal, os aliados já não despacham mais com o ainda ministro da Secretaria de Governo.

Temer chegou a conversar com o deputado Carlos Marun, mas o vazamento do convite ao peemedebista para suceder Imbassahy acabou desagradando aos tucanos. E o presidente foi avisado de que isso poderia levar o Palácio do Planalto a perder votos no PSDB a favor da reforma da Previdência.

Aí veio o recuo do Planalto, o que provocou desagrado nos peemedebistas. A confusão virou motivo de ironias no Congresso. Amigos de Marun diziam que ele terminou a semana sendo aquele que foi sem nunca ter sido ministro, mas que vai acabar virando.

E Imbassahy passou a ocupar a categoria de ex-ministro no exercício do cargo, à espera do anúncio da saída do PSDB do governo para deixar o posto.

O fato é que, na avaliação de líderes, Temer perdeu tempo. No cronograma ideal, ele já tinha de estar com o trabalho de reorganização da sua base montado, para dedicar os próximos dias a convencer os deputados ainda resistentes a votar a favor da reforma da Previdência.

Com isso, poderia estar pronto para votar o primeiro turno da emenda constitucional que muda as regras da aposentadoria nos dias 5 ou 6 de dezembro.

Agora, a votação nessa data já não está mais garantida. Entre líderes, o discurso é que “pior do que não votar é votar e perder”.

Por isso, defendem que o governo só parta para uma votação com os votos garantidos. E, hoje, essa não é a realidade. Nas contas mais otimistas, o governo não teria mais do que 270 deputados. Nas mais realistas, menos de 250. Longe ainda dos 308 necessários para aprovar a medida.

Enfim, o governo corre contra o tempo. Tanto que já chega a aventar uma possibilidade de votar, neste ano, apenas um turno da reforma. Algo com que os líderes não concordam. Ou os dois turnos são votados neste ano na Câmara ou a proposta ficará para o próximo governo.

CARIRI EM AÇÃO

Com G1 /Foto: Google  

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