A indicação de Geraldo Alckmin para a presidência do PSDB impôs novo ritmo à aproximação do tucano com os peemedebistas, grupo com o qual ele não pretendia avançar tão cedo nas negociações que miram as eleições de 2018. De imediato, o governador de São Paulo terá duas missões que servem como teste de fogo para uma aliança, que pode dar ao partido um acréscimo significativo no tempo de TV durante a campanha: a garantia de votos do PSDB na reforma da Previdência e a condução do desembarque dos tucanos que ocupam cargos no governo.
Antes mesmo de ser aclamado para comandar o PSDB, dividido entre os grupos dos senadores Aécio Neves (MG) e Tasso Jereissati (CE), Alckmin fazia movimentos pontuais e procurava lideranças regionais do PMDB, inclusive adversários do grupo político de Temer.
Nos últimos 30 dias, Alckmin esteve em Pernambuco e Santa Catarina. O deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que votou contra Temer na análise da Câmara da denúncia da Procuradoria-Geral da República, e o vice-governador de Santa Catarina (PGR), Eduardo Moreira, declararam publicamente voto no tucano independentemente do que vier a decidir o PMDB em nível nacional. Essas articulações indicam o clima de incerteza na relação do governador paulista com a cúpula peemedebista.
Apesar da desconfiança, Alckmin procurou, há cerca de 45 dias, o presidente da sigla, Romero Jucá, para uma conversa em São Paulo. Era um início de aproximação com o grupo de Temer.
— Agora, com ele assumindo a presidência do PSDB, as conversas terão que avançar — diz um dos interlocutores escalados pelo tucano para mediar a relação.
ALIANÇA NO HORIZONTE
Nesse cenário, a entrega de 900 imóveis do Minha Casa, Minha Vida neste sábado, em Limeira (SP), reuniu Temer e Alckmin. O presidente tentou suavizar o desembarque tucano.
— Será uma coisa cortês e elegante, como é do meu estilo e do governador. O PSDB deu uma grande colaboração ao governo por um ano e meio — disse Temer.
Alckmin fez um aceno positivo.
— Presidente, conte conosco. A boa política é buscar entendimento para os problemas do Brasil — disse o governador de São Paulo, que preferiu não comentar sobre entrega de cargos do governo.
Alckmin ficou sabendo pela imprensa que Temer programava uma conversa além do protocolar para este sábado. O presidente demonstra interesse em discutir com o novo líder do PSDB os termos do desembarque do partido do governo.
Realinhar o relacionamento com Temer é obrigatório para Alckmin, se quiser manter em seu horizonte uma aliança oficial com o PMDB. Essa coligação é estratégica para que não passe de ameaças o lançamento de um outro candidato, da base do governo, para disputar o eleitorado na mira do tucano. O PMDB é dono do maior tempo de TV no horário eleitoral e da maioria das prefeituras do país.
Aliados do governador relatam que a relação entre Alckmin e Temer se limita à cordialidade e andou sofrendo abalos importantes com a postura da bancada de deputados do PSDB paulista de votar contra Temer nas duas denúncias da PGR.
CANDIDATURA DE MEIRELLES É TRATADA COMO IMPROVÁVEL
Embora o plano A do tucano seja fazer com que o PMDB não seja visto como um aliado prioritário da sua coligação, a negociação com a sigla é a única até agora que envolve diversos políticos ligados ao governador. Com outros partidos, como PSB, DEM, PPS e PTB, ele tem feito a articulação pessoalmente. Alckmin tem dito em público que uma aliança com cinco partidos de médio porte já garantiria a ele uma boa condição de disputa.
Há cerca de um mês, um desses auxiliares de Alckmin esteve com a cúpula do Planalto — Temer, Jucá e o ministro Eliseu Padilha — para defender uma candidatura única de centro para 2018. No encontro, propôs que o único candidato viável era o governador e que a chance de vitória passaria, necessariamente, pela união entre PMDB e PSDB.
No raciocínio dos interlocutores do paulista, 50% dos votos na próxima eleição estarão com o ex-presidente Lula — ou quem for o candidato do PT — e o deputado Jair Bolsonaro. Dos outros 50%, metade seria votos brancos e nulos, restando para uma candidatura de centro apenas 25% do eleitorado. A reunião terminou com o compromisso de voltarem a conversar.
No núcleo alckmista, uma candidatura do ministro Henrique Meirelles é tratada como improvável. Tucanos dizem que o ministro Gilberto Kassab, presidente do PSD, rifaria Meirelles, do mesmo partido, se chegar a um acordo em que seja vice numa chapa do senador José Serra ao governo de São Paulo.
— Cada vez mais se consolida a tendência de que os partidos de centro tenham apenas uma candidatura. A bola da vez é o governador Geraldo Alckmin. Hoje ele tem a preferência no sentido de ter a oportunidade de estruturar um grupo político de centro — afirmou Kassab, em entrevista na semana passada.
— Geraldo tem que se posicionar na campanha como fez o Macron (presidente da França). Ele tem que falar com o país, mostrar o que pensa para o futuro e não ficar discutindo o governo Temer — defende um integrante do núcleo político do governador.
O plano ideal de Alckmin é costurar um arco de aliança com outros partidos para apresentar-se ao PMDB com um candidato irrecusável. Assim, ele acredita que a fatura a ser paga em troca de apoio seria menor do que se ele ficasse refém dela para ter uma coligação competitiva. No foco do tucano estão PSB, DEM, PPS, PTB e o PSD. Mas o único apoio garantido, por enquanto, é o dos petebistas. Alckmin tem dito em público que uma aliança com cinco partidos de médio porte já garantiria a ele uma boa condição de disputa.
CARIRI EM AÇÃO
Com O Globo /Foto: Google
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