Por causa da falta de chuvas nos últimos seis anos, 28 municípios do estado da Paraíba estão em situação de colapso no abastecimento. Segundo os dados da Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa), nessas cidades, os mananciais estão abaixo do nível mínimo para que seja possível fazer o bombeamento de água para a população. Uma das situações mais críticas ocorre em Teixeira, no Sertão do estado, onde as famílias recebem apenas mil litros de água por mês.
Os municípios atingidos pela situação de colapso são: Boa Ventura, Triunfo, Diamante, Carrapateira, Bernardino Batista, Riacho dos Cavalos, Teixeira, Emas, Matureia, Riachão, Tacima, Dona Inês, Damião, Riacho Santo Antônio, Amparo, Aroeiras, Gado Bravo, Sossêgo, Puxinanã, Nova Palmeira, Picuí, Frei Martinho, Barra de Santa Rosa, Nova Floresta, Cuité, Algodão de Jandaíra, Areial, Montadas.
Nos municípios em colapso, a água chega a casa dos moradores exclusivamente através de carros-pipa. Na cidade de Teixeira os carros-pipas só abastecem as casas uma vez por mês. A pouca água é usada com cuidado para matar a sede e cozinhar. “A situação aqui é precária. Aqui, de água mesmo, é uma escassez terrível”, disse a dona de casa Eliana Maria de Sousa, moradora de Teixeira.
Na zona rural do município, o abastecimento é feito pela Operação Pipa do Exército Brasileiro. Para a distribuição nas casas, os militares fazem um cálculo de 20 litros de água por pessoa. A situação é tão complicada que até para quem ganha dinheiro com a venda de carro-pipa, o desejo de ver a população sair do sufoco por falta de água é maior do que a busca pelo lucro “Tá tudo seco. A situação está feia aqui. É melhor ter a chuva, porque eu posso arrumar outro serviço”, disse o pipeiro Sancho Leite.
Segundo o secretário de agricultura de Teixeira, Pedro Bento, há alguns meses a prefeitura tem enfrentado dificuldades para garantir o abastecimento por carro-pipa, alegando falta de repasses financeiros. “A gente tá atuando com cinco carros-pipa, com o auxílio de um trator, mas infelizmente estamos fazendo o que podemos, pois a prefeitura está arcando com todos esses custos, porque a ajuda da Defesa Civil do Estado parou de vir há três meses”, disse Pedro Bento.
A assessoria de imprensa da Defesa Civil do Estado da Paraíba informou que os repasses a cidade de Teixeira e para outros 89 municípios vem através de parceria com o Governo Federal, mas o contrato acabou em 31 de agosto deste ano e, desde então, não tem recebido mais vergas. Ainda de acordo com a assessoria um novo plano foi aprovado, mas o recurso ainda não foi liberado.
Já o Ministério da Integração Nacional informou que qualquer outro novo repasse vai ser feita de acordo com suplementações financeiras realizas pelo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, mas ainda não há previsão para isso.
O açude secou
A cidade de Teixeira é abastecida pelo reservatório próprio Riacho das Moças. De acordo com os dados Aesa, o manancial tem capacidade para armazenar 6,834 milhões de metros cúbicos de água esta semana chegou a marca de 0,01%. Ainda segundo os dados da Aesa, desde abril de 2014 que o açude está com menos de 5% da capacidade total. Desde agosto de 2013 que o reservatório ficou com menos de 10%. Nos últimos 15 anos de monitoramento feito pela Aesa, o melhor nível que o manancial teve foi em julho de 2009, quando atingiu 88%.
Matureia
Segundo a Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba (Aesa), o açude Riacho das Moças também era usado para abastecer a população de Matureia, no Sertão. Na cidade a população também está recebendo água de carro-pipa. Na frente das casas, encontrar a caixa d’água é comum. Para todo o município são usados 16 carros-pipa. Entre esses, 12 são custeados pela prefeitura, gerando um gasto mensal de 50 mil reais com combustível e funcionários.
“Desde o mês de maio a gente deste ano a gente vem com essa dificuldade. A gente tirava 24 carregamentos de água do manancial João da Mata, aí devido ao protesto dos moradores, passamos a pegar 16 carregamentos. São 12 carros-pipa para zona urbana e 4 para a zona rural” disse José Francisco de Lima, diretor da Defesa Civil, em Matureia.
Com G1 PB/Foto: Google
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