A Coreia do Norte anunciou nesta terça-feira (9) que enviará uma delegação para disputar a Olimpíada de Inverno de Pyeongchang, na Coreia do Sul, entre 9 e 25 de fevereiro.
A decisão foi tomada após a primeira reunião entre representantes dos dois países em mais de dois anos. Para facilitar o acordo, Seul anunciou que estuda suspender temporariamente parte das sanções que impôs contra a ditadura de Kim Jong-un e que vai pedir à ONU faça o mesmo.
A Coreia do Norte tem dois atletas classificados para disputar a competição, a dupla de patinadores Ryom Tae-ok e Kim Ju-sik.
Os dois países concordaram em restabelecer uma linha direta para assuntos militares, que deve entrar em funcionamento nesta quarta-feira (10).
O vice-ministro Chun Hae-Sung, responsável da Coreia do Sul pelas negociações com o vizinho, disse que seu país pediu a realização de uma nova rodada de conversas para diminuir a tensão na península, além de uma retomada das negociações sobre os testes de mísseis e programa nuclear norte-coreano.
Os representantes da Coreia do Norte não chegaram a responder a oferta, mas se disseram abertos ao diálogo e a negociação.
Seul propôs também que os atletas dos dois países marchassem juntos durante a cerimônia de abertura. Isso já ocorreu em uma série de eventos esportivos durante os anos 2000, incluindo as Olimpíadas de Sidney-2000 e Atenas-2004, mas não acontece desde 2007.
Os sul-coreanos também querem realizar uma série de reencontros entre famílias divididas pela Guerra da Coreia (1950-1953) no Ano Novo lunar, que acontece durante os Jogos.
A Coreia do Norte afirmou que sua delegação terá militares de alta patente, atletas e um grupo de torcedores.
Na única vez que a Coreia do Sul recebeu uma edição dos Jogos Olímpicos, a Olimpíada de Verão de 1988 em Seul, a Coreia do Norte boicotou o evento. Antes da competição, no final de 1987, o governo norte-coreano explodiu um avião sul-coreano, matando as 115 pessoas a bordo, em uma tentativa de desestabilizar o torneio.
ENCONTRO
O encontro desta terça, o primeiro desde dezembro de 2015 entre Seul e Pyongyang, foi feito na vila de Panmunjom, que fica dentro da zona desmilitarizada que separa os dois países.
A reunião começou às 10h locais (23h de segunda no horário de Brasília) na Casa da Paz, uma construção de três andares que costuma ser usada para as conversas entre as duas Coreias. Cada país mandou cinco representantes ao encontro.
“Nós viemos a este encontro com o objetivo de dar aos nossos irmãos, que têm altas expectativas para este diálogo, um resultado inestimável como o primeiro presente do ano”, disse o chefe da delegação norte-coreana, Ri Son-gwon, ao chegar ao local cerca de meia hora antes do horário combinado.
Do lado sul-coreano, um pequeno grupo com 20 pessoas se reuniu do lado de fora da zona desmilitarizada com faixas de boa sorte e bandeiras com o desenho da península unificada.
Chun, que chefiou a delegação sul-coreana, disse que os dois países estão trabalhando para entregar um “bom presente” para suas populações.
“As conversas começaram após o Norte e o Sul se distanciarem por um longo período, mas eu acredito que dar o primeiro passo é metade do caminho”, afirmou ele.
O encontro desta terça foi proposto por Seul logo após o ditador Kim Jong-un expressar em seu discurso de Ano Nov no dia 1º a intenção de permitir que os atletas norte-coreanos participassem da Olimpíada de Inverno.
A Coreia do Sul imediatamente respondeu apoiando a ideia e no dia 2 fez o convite para um diálogo formal. No dia seguinte, representantes dos dois lados se falaram por telefone. Na sexta (5), Pyongyang aceitou oficialmente o convite para o encontro, logo após Seul e Washington anunciarem que adiariam um exercício militar conjunto que fariam na região.
O governo americano ainda não comentou sobre o resultado da reunião, mas a China e a Rússia elogiaram a iniciativa.