A Nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aprovada na última sexta-feira (15) pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) vem dividindo opiniões de várias pessoas ligadas a setores da educação infantil e fundamental. Enquanto alguns acham que as mudanças são válidas, outros veem como uma medida impositiva e conservadora.
O jornalista Halan Azevedo tem um filho de nove anos que está na educação básica e acredita que as mudanças curriculares são necessárias, mas não podem ser as únicas reformas.
“Qualquer mudança para tentar melhorar a educação básica no país é válida, pois nosso sistema educacional é ineficiente e defasado. Mas, aliada a essa mudança de base curricular, é necessária também uma mudança estrutural nas escolas públicas, que sofrem com defasagem de equipamentos e estrutura sucateada”, afirmou Halan.
Porém, nem todos os envolvidos estão satisfeitos com as alterações nas bases curriculares. A professora Lorena Ponce de Leon vê as mudanças como impositivas e conservadoras. “Embora midiaticamente digam que foi difundida e feita pelo povo, corpo social, não representa a coletividade. O que percebemos é uma tentativa de um governo conservador de impor suas decisões”, adverte.
Gênero e religião
A professora ainda alerta para a temática de gênero, que não é contemplada nas novas diretrizes, enquanto os ensinos religiosos serão incorporados à grade. “A BNCC negligencia as questões de gênero e diversidade sexual. Ademais, obriga o ensino religioso. Em um país laico, não deveria existir essa discussão. O ensino precisa de uma base melhor em outras áreas do conhecimento”, finaliza Lorena.
‘Decisão atropelada’
Outro ponto que causou discordância foi a maneira com que a BNCC foi aprovada. O secretário de administração do Sindicato dos Trabalhadores da Educação da Paraíba (Sintep), José Belarmino, lamenta a falta de debate sobre as mudanças.
“Não houve discussão sobre isso. Tiveram cinco reuniões regionais em todo país. Geralmente existem reuniões municipais, estaduais. O MEC atropelou a discussão”, disse.
O secretário ainda comentou que a rede pública deve sofrer mais com as mudanças. “As alterações vão prejudicar todos os estudantes desse país, mas principalmente os de escolas públicas”, finaliza.
Entenda a BNCC
Ao longo da Educação Básica, as aprendizagens essenciais definidas na BNCC devem concorrer para assegurar aos estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais, que resumem, no âmbito pedagógico, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos.
Conheça as 10 competências gerais da Base Nacional Comum Curricular:
- Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
- Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
- Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
- Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
- Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
- Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
- Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
- Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
- Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
- Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
CARIRI EM AÇÃO
Com Portal Correio /Foto: Reprodução
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