O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) chegou ao Complexo Médico-Penal, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba, na tarde desta sexta-feira (19/1). O emedebista foi transferido, por ordem judicial, do Rio para o presídio onde já estão seu colega de partido, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari e o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine.
Cabral carrega em seu currículo três condenações judiciais que somam 87 anos de reclusão – desse total, 14 anos e 2 meses por corrupção e lavagem de dinheiro foram impostos pelo juiz Sérgio Moro.
O ex-governador estava na cadeia pública de Benfica, Zona Norte do Rio de Janeiro, mas os investigadores descobriram que, ali, o político levava uma vida de luxos e regalias – esta a causa de sua remoção para a prisão da Lava Jato, no Paraná.
Antes de chegar a Pinhais, Sérgio Cabral foi submetido a exames no Instituto Médico Legal. Ele estava com as mãos algemadas e os pés acorrentados. Seu defensor, o advogado Rodrigo Roca, protestou. “Esqueceram apenas de colocar o capuz e a corda. A defesa está indignada e estarrecida com tamanho espetáculo e crueldade.”
Já passaram pelo Complexo Médico-Penal o ex-ministro Antonio Palocci (governos Lula e Dilma, Fazenda e Casa Civil) e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Eles estão, no momento, custodiados na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, base da grande investigação, tentando fechar acordos de delação premiada. Se o pacto avançar, podem ir para a rua. Se travar, devem retornar a Pinhais.
Na quinta (18), os juízes federais Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, em Curitiba, e Caroline Vieira Figueiredo, da 7ª Vara Federal, no Rio, determinaram a remoção do ex-governador para o presídio no Paraná por causa de regalias na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, Zona Norte da capital fluminense, onde o emedebista estava custodiado. Sérgio Cabral chegou a Curitiba no fim do dia.
Relatório do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) apontou luxos e muitas regalias na prisão em Benfica. A 11ª Promotoria de Investigação Penal fiscalizou o local em 24 de novembro e destacou que, na Galeria C, onde estava preso Sérgio Cabral e ainda estão outros alvos da Lava Jato, havia “linguiças fritas ainda quentes”. Os promotores encontraram “alimentos in natura diversos, como frutas, queijos e frios, pó de café, chás e alimentos que necessitavam de preparo com calor, dentro da cela”.
O MPRJ ajuizou ação civil pública por improbidade administrativa contra o ex-governador, o secretário de administração penitenciária, o subsecretário de gestão penitenciária, os diretores e subdiretores de Bangu VIII e da Cadeia Pública de Benfica, unidades prisionais que abrigaram o emedebista, em razão do tratamento diferenciado.
O ex-governador foi alvo de dois mandados de prisão preventiva em novembro de 2016, um de Moro e outro do juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, do Rio, que comanda a Lava Jato no estado. Cabral já esteve custodiado em Curitiba por cerca de uma semana, em dezembro de 2016.
Defesa
Em nota, o advogado Rodrigo Roca, que defende Sérgio Cabral, afirmou: “Sérgio Cabral está proibido de falar, com pés e mãos algemados. Esqueceram apenas de colocar o capuz e a corda. A defesa está indignada e estarrecida com tamanho espetáculo e crueldade.”
ARIRI EM AÇÃO
Com Estadão/Foto: Estadão
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