Portugal determina extradição de operador investigado na Lava-Jato

A Justiça portuguesa negou os recursos e determinou a extradição de Raul Schmidt, operador financeiro preso em março de 2016 na primeira fase internacional da Operação Lava-Jato. O processo de extradição para o Brasil transitou em julgado neste mês, segundo o Ministério Público Federal (MPF).

O Ministério da Justiça de Portugal também autorizou o envio de Schmidt ao Brasil, e as autoridades portuguesas iniciaram a busca pelo brasileiro, o que pode acarretar, inclusive, a emissão de mandado europeu de detenção. A autorização atendeu a pedido da força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba.

“A confirmação da extradição é mais um marco na luta transnacional contra a corrupção e a lavagem de dinheiro e reforça os inúmeros laços entre o sistema de Justiça português e brasileiro. Também demonstra que os vínculos artificiais de nacionalidade não são óbice na repressão ao crime organizado”, afirma a secretária de Cooperação Internacional da PGR, Cristina Romanó.

A Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República (PGR) atuou em conjunto com a Advocacia-Geral da União (AGU) para garantir a extradição, que foi autorizada com a condição de que o julgamento no Brasil só ocorra por atos praticados antes da obtenção da nacionalidade portuguesa. Schmidt é brasileiro nato e foi naturalizado português em dezembro de 2011.

Ele é investigado pelo pagamento de propinas aos ex-diretores da Petrobras Renato de Souza Duque, Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada, todos envolvidos no esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa instalado na estatal. Além de atuar como operador financeiro no pagamento de propinas aos agentes públicos da Petrobras, Schmidt também aparece como preposto de empresas internacionais na obtenção de contratos de exploração de plataformas da Petrobras.

Antes de sua prisão em março de 2016, Schmidt estava foragido desde julho de 2015. Ele morou em Londres, onde mantinha uma galeria de arte, mas, após o início da Lava Jato, se mudou para Portugal em virtude da dupla nacionalidade. Ele foi preso em seu apartamento, localizado em uma região nobre de Lisboa, avaliado em 3 milhões de euros, na 25ª fase da Lava-Jato. Batizada pelas autoridades portuguesas de “Polimento”, esta fase foi um desdobramento da 15ª fase da Lava-Jato, chamada de Conexão Mônaco, que teve como alvo Jorge Luiz Zelada, ex-diretor da Petrobras.

Após a decisão do Tribunal da Relação de Lisboa, Raul Schmidt recorreu ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) de Portugal, que confirmou integralmente, em setembro de 2017, a extradição. Em seguida, o brasileiro ajuizou reclamação junto ao STJ português, que novamente indeferiu o pedido.

Na tentativa de evitar a extradição, Schmidt recorreu, então, ao Tribunal Constitucional de Portugal, que, por decisão sumária tomada em novembro de 2017, decidiu não conhecer o recurso. Em dezembro do mesmo ano, em reclamação ajuizada pela defesa, o Tribunal Constitucional voltou a confirmar a extradição do brasileiro.

Em 9 de janeiro deste ano, o Tribunal Constitucional indeferiu nova reclamação do brasileiro e confirmou o trânsito em julgado do processo de extradição ao Brasil. O caso então retornou ao Tribunal da Relação de Lisboa, que determinou a execução da medida.