O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu nesta quinta-feira (15), em São Paulo, Renata Campos e João Campos, respectivamente mulher e filho do ex-governador pernambucano Eduardo Campos (PSB), que morreu em 2014. O encontro foi mais um passo para a reaproximação entre os dois partidos e a formação de uma frente de esquerda rumo às eleições presidenciais deste ano.
Também participaram do encontro, ocorrido na sede do Instituto Lula, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB); a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do PT; e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), que coordena a elaboração do programa de governo da candidatura presidencial de Lula.
Apesar de Haddad ser constantemente citado como possível “plano B” do PT caso Lula não possa ser candidato por causa de sua condenação em segunda instância na Operação Lava Jato, uma fonte ouvida pelo UOL disse que o ex-prefeito participou do encontro porque já estava no Instituto Lula para conversar com o ex-presidente sobre o programa de governo.
Segundo apurou a reportagem, o encontro serviu para que os partidos voltassem a se aproximar depois de várias idas e vindas nos últimos anos. Paulo Câmara –que foi escolhido por Eduardo Campos para disputar o governo de Pernambuco em 2014– inclusive se dispôs a atuar na reconstrução da aliança com o PT.
A movimentação política dos dois partidos também faz parte da articulação, nos últimos meses, de uma frente de esquerda para as eleições deste ano. Mais cedo hoje, as fundações de formação política de PT, PSB, PDT, PCdoB e PSOL divulgaram um manifesto batizado de “Unidade para Reconstruir o Brasil”, com propostas para o país. Em linhas gerais, o documento propõe um projeto de desenvolvimento com “um Estado nacional forte” e não faz uma defesa explícita da candidatura de Lula a presidente.
Apesar de o PT não admitir publicamente uma alternativa à candidatura de Lula, seja dentro ou fora do partido, o ex-presidente enfrenta hoje um dos momentos mais delicados de sua trajetória política.
Condenado em segunda instância no chamado processo do tríplex, Lula está, em tese, inelegível de acordo com as regras da Lei da Ficha Limpa. De acordo com o atual entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal), a condenação também pode levá-lo à cadeia, o que seus advogados contestam no próprio Supremo.
No ano passado, encontro em Recife
Lula já havia se reunido com Câmara e Renata Campos em agosto passado, em Recife, durante sua caravana pelo Nordeste, o que na época também provocou rumores sobre a reaproximação entre as duas legendas.
João Campos, por sua vez, é tido como o herdeiro político de Eduardo Campos. Ele é chefe de gabinete de Paulo Câmara e deve ser candidato a deputado federal este ano.
PT e PSB vivem uma relação turbulenta pelo menos desde as eleições de 2014, quando o PSB teve candidatura presidencial própria –primeiro com Eduardo Campos, depois com Marina Silva. No segundo turno, a legenda chegou a apoiar Aécio Neves (PSDB) contra Dilma Rousseff (PT), que acabou sendo reeleita.
O PSB também votou majoritariamente a favor do impeachment de Dilma, em 2016, e apoiou o governo Temer, desembarcando da base em maio passado. Apesar disso, o partido está rachado; há parlamentares que apoiam Temer, enquanto o comando da legenda se opõe ao presidente.
Na semana passada, em entrevista à Rádio Jornal, de Recife, Lula elogiou Eduardo Campos (“era uma relação muito forte e sincera”, afirmou) e disse que o PT “pode voltar a conversar” com o PSB em Pernambuco.
De acordo com nota divulgada pelo site de Lula, “o encontro foi uma visita de solidariedade e retribuição” à visita de Lula a Renata Campos em agosto e às declarações do ex-presidente na entrevista para a rádio pernambucana.
Ainda segundo a nota, os participantes do encontro “conversaram sobre o cenário político brasileiro e a responsabilidade do PT e do PSB com o futuro do país, e por isso a importância dos dois partidos manterem o diálogo aberto independente de alianças eleitorais.”
CARIRI EM AÇÃO
Com Uol/Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
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