Presidente da Petrobras pede demissão do cargo

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (1º). Em carta enviada ao presidente Michel Temer, Parente diz que sua saída é “irrevogável” e que sua “permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente”.

Pressionado devido à atuação da Petrobras na crise com os caminhoneiros, o executivo deixa o comando da estatal exatamente dois anos após sua posse, em 1º de junho de 2016, no início do governo Temer.

Após o anúncio, a Bolsa brasileira, a B3 (antiga Bovespa) suspendeu as negociações das ações da Petrobras.

A Petrobras informou que o conselho de administração da empresa vai se reunir para nomear um presidente interino ainda nesta sexta.

Greve colocou Petrobras no centro das críticas

A saída de Parente acontece na esteira da greve dos caminhoneiros contra a disparada dos preços do diesel. A paralisação durou 11 dias e causou desabastecimento generalizado de produtos e serviços no país todo e prejudicou diversos setores da economia.

Os aumentos nos preços do diesel colocaram a Petrobras no centro das críticas dos grevistas, devido à nova política de preços da petroleira, adotada em julho do ano passado, no início da gestão de Parente. Com a nova metodologia, a estatal passou a reajustar os preços dos combustíveis com mais frequência, inclusive diariamente, para repassar para as refinarias as variações nas cotações do dólar e do petróleo no mercado internacional. Com as recentes valorizações da matéria-prima e da moeda norte-americana, os preços dos combustíveis internamente dispararam.

Na semana passada, em resposta à greve, Parente decidiu cortar os preços do diesel nas refinarias em 10% por 15 dias. A medida deixou o mercado alerta e foi vista por alguns investidores como uma interferência do governo na gestão da companhia. No dia seguinte, as ações da empresa despencaram 14,5% na Bolsa.

Como a medida não surtiu efeito e a greve continuou, o governo Temer anunciou um amplo acordo com a categoria, aceitando praticamente todas as suas reivindicações. O acordo incluiu a prorrogação de 15 para 60 dias no prazo de vigência do corte de 10% do diesel pela Petrobras nas refinarias. Além disso, pelo acordo, a Petrobras passa a reajustar os preços do diesel a cada 30 dias, e não diariamente.

Para bancar a queda do combustível, a Petrobras aderiu ao programa de subvenção do governo. Com isso, os cofres públicos passaram a pagar pela queda do diesel.

Na véspera, o governo anunciou cortes em programas do SUS (Sistema Único de Saúde), educação, prevenção do uso de drogas e outros programas para compensar a redução do combustível. Além disso, vários setores da economia vão pagar mais imposto.

Gestão Parente

Ex-ministro do Planejamento e de Minas e Energia na gestão de Fernando Henrique Cardoso, Parente foi escolhido para presidir a Petrobras logo que Temer tomou posse, após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Na sua gestão, a companhia conseguiu reduzir e reestruturar sua dívida, graças à mudança na política de preços e a um programa de venda de negócios da petroleira.

Apesar de a empresa ter fechado 2017 com um prejuízo de R$ 446 milhões, no quarto ano seguido de perdas, a nova direção da empresa despertou otimismo nos mercados. Em maio, antes da crise com os caminhoneiros, a Petrobras voltou ao posto de empresa de maior valor na Bolsa brasileira.

CARIRI EM AÇÃO

Com Uol /Foto: Reprodução Internet

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