Líderes políticos que integram o grupo acreditam que as conversas devem se concentrar em três nomes: a ex-ministra do Meio Ambiente, o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin e Alvaro Dias, pré-candidato do Podemos.
A preocupação é criar uma terceira via para enfrentar eventual polarização entre o deputado Jair Bolsonaro (PSL-SP) e um candidato que represente uma coalizão de esquerda. Parte dos signatários do manifesto Por um Polo Democrático e Reformista, lançado na semana passada, incentivou a entrada de um outsider na corrida presidencial, no caso, o apresentador Luciano Huck, que declinou do convite feito pelo PPS.
Nesse aspecto, a avaliação é que, além do desempenho nas pesquisas de intenção de voto, Marina ainda é um nome menos contaminado pelo desgaste com os partidos e a política tradicional.
Na pesquisa Datafolha divulgada ontem, a ex-ministra se mantém em segundo lugar, com até 15% das intenções de voto, nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, preso e condenado na Operação Lava Jato.
Bolsonaro lidera com 19% das preferências na ausência de Lula. Alckmin, que tenta unir o “centro” em torno do seu nome, alcança 7% das intenções de voto, em situação de empate técnico com o ex-ministro Ciro Gomes. O pré-candidato do PDT oscilou entre 10% e 11%. Já Alvaro Dias aparece com 4%.
“Marina é uma candidata desse campo. O nome dela deve ser levado em consideração. Achamos no PPS que Alckmin é o melhor candidato, mas não podemos ir para a conversa impondo o nome dele. Temos de admitir que pode não ser”, disse ao Estado o presidente nacional do PPS, Roberto Freire. Segundo Freire, em conversa recente, a mesma avaliação foi feita por Fernando Henrique. Ao jornal O Globo, FHC disse que “não convém” fechar portas para a ex-ministra.
O grupo ainda acredita que Alckmin terá fôlego de “maratonista” e vai crescer quando a campanha começar de fato. O nome de Marina, porém, é visto como alternativa, especialmente em face à crise interna que afeta a pré-campanha tucana.
Estacionado nas pesquisas de intenção, o ex-governador enfrenta a desconfiança de aliados e até de setores do próprio PSDB sobre suas chances e está sendo pressionado a adotar uma estratégia mais agressiva. A articulação do grupo ligado a FHC irritou o entorno de Alckmin. A leitura é que o movimento criou um clima ruim e “espantou” os dois principais alvos do partido nesse momento: o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Alvaro Dias. Os tucanos marcaram um jantar com Maia na semana que vem para recompor a relação. “O objetivo é estarmos todos juntos no primeiro turno, mas com Geraldo na cabeça da chapa”, disse o deputado Nilson Leitão (MT), líder do PSDB na Câmara.
Fernando Henrique se reuniu recentemente com a senadora Rose de Freitas (Podemos-ES) em São Paulo para falar sobre a necessidade de união do centro já no primeiro turno e demonstrou preocupação com a fragmentação desse campo político em muitas candidaturas.
Em conversas com aliados, o pré-candidato do Podemos tem dito que acredita em um afunilamento no primeiro turno para dois candidatos do centro: um liderado pelo PSDB e outro à margem dessa composição. “É difícil saber agora qual é o nome mais adequado para liderar essa convergência. É muito cedo para identificarmos. O ambiente está muito confuso”, afirmou Dias.
Resistências. Na Rede, há resistências a uma aproximação com o PSDB – Marina já apontou falta de “identidade programática” entre as siglas – e partidos do centro. Interlocutores avaliam que, do ponto de vista pragmático, uma aliança seria positiva, mas veem dificuldade em conciliar temas da economia e do meio ambiente. “Em hipótese alguma, Marina abriria mão de ser candidata e, dificilmente, abriria mão da independência da polarização entre PT e PSDB”, disse o coordenador da Rede, Bazileu Margarido. O “plano A “da pré-candidata é reavivar as alianças de 2014, principalmente o PSB, que tem 26 deputados na Câmara e também é cortejado pelo PT e o PDT (mais informações na pág. A6).
O receio de uma polarização entre Bolsonaro e um candidato da esquerda e a percepção de que nenhum candidato mais identificado com as reformas estruturais tem chance de vitória ajudou a estressar o mercado na semana passada. Na quinta-feira, o dólar registrou uma disparada e chegou R$ 3,91, enquanto a Bolsa caiu 2.93%.
CARIRI EM AÇÃO
Com Estadão/Foto: Reprodução Internet
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