Vinte anos depois de seu primeiro e único título, a França terá a oportunidade de buscar o bi da Copa do Mundo. Nesta terça-feira (10), a seleção francesa venceu a Bélgica por 1 a 0 com gol de Umtiti, na semi em São Petersburgo, e conquistou o direito de disputar a grande decisão do torneio pela terceira vez em sua história.
As primeiras foram em 1998, quando foi campeã em casa contra o Brasil, e em 2006, quando perdeu para a Itália nos pênaltis e ficou com o vice. Nas duas ocasiões, a França contava com o artilheiro Thierry Henry, que atualmente trabalha como auxiliar da Bélgica.
O adversário da final será conhecido nesta quarta (11), às 15h, no duelo entre Croácia e Inglaterra. A decisão da Copa do Mundo de 2018 ocorrerá em Moscou no dia 15 de julho, domingo, às 12 horas. Um dia antes, no sábado, às 11h, a Bélgica e a seleção derrotada na outra semifinal se enfrentarão na disputa pelo terceiro lugar.
A queda dos belgas significa que, pela primeira vez desde 1990, a seleção que eliminou o Brasil não jogará a final. As equipes que conseguiram este feito foram a Argentina em 1990, França em 2006, Holanda em 2010, e Alemanha em 2014.
O melhor: Mbappé
A seleção francesa tem Giroud como centroavante, mas ele não era o alvo das infiltrações da equipe. Afinal, as arrancadas de Mbappé, que conquistaram o planeta nos últimos jogos da França, foram destaque mais uma vez. Aliás, o jovem camisa 10 tentou partir em velocidade logo no primeiro minuto.
Aos 10 do segundo tempo, Mbappé mostrou brilhante visão de jogo ao girar o corpo e, ainda de costas para a meta, tocar de calcanhar para Giroud. Mas o centroavante, que ainda não fez gol nesta Copa, foi devidamente travado por Courtois. Dá para dizer que o goleiro belga barrou a jogada que podia ser uma das mais bonitas do Mundial.
O craque do Paris Saint-Germain ainda fez graça e provocou os adversários nos minutos finais, ao fazer firula antes de devolver a bola para a Bélgica cobrar um lateral em seu campo de defesa.
O pior: Fellaini
Segundo os dados divulgados pela Fifa, Fellaini tem 1.94m de altura. Certamente trata-se de um jogador alto, mas uma falha no tempo do salto o fez parecer pequeno na cobrança de escanteio de Griezmann aos seis do segundo tempo, que foi completada com toque de cabeça e gol de Umtiti. Uma falha decisiva em um time metódico.
A julgar pelas expressões faciais que fez, Fellaini sabe da responsabilidade que teve. Ele tentou compensar aos 20 do segundo tempo, mas seu cabeceio para o gol apenas passou à esquerda da meta defendida por Lloris.
Hazard dá dor de cabeça
O lado direito da defesa da França teve trabalho com o camisa 10 adversário. Hazard esteve mais preso à função de ponta, mas chamou Pavard e Pogba para a corrida, voltou a mostrar um controle de bola excepcional e quase marcou aos 18 do primeiro tempo, quando Varane colocou a cabeça na frente de seu chute.
Foi nos pés dele que a Bélgica colocou pressão na reta final do segundo tempo, quando sua seleção já não via mais vantagem em qualquer tipo de cautela. Não foi suficiente.
Lukaku não aparece
Não é segredo para ninguém que Lukaku, goleador da Bélgica, não pode ter liberdade no ataque. Quando há combate 1 x 1, a tendência é de que o atacante leve vantagem com seu porte físico e sua explosão, mas ele esteve marcado e nada pôde fazer. Quando a bola finalmente chegou até ele em boas condições, aos 46 do primeiro tempo, Lukaku não estava esperando e se assustou.
Bélgica pressiona, França espera por erros
Os primeiros 45 minutos tiveram pressão maior da Bélgica no ataque. Aos 15 do primeiro tempo, por exemplo, Lloris foi acuado e forçado a dar um chutão. Os belgas ganharam na dividida e a bola foi parar no pé de Hazard, que chutou cruzado e tirou tinta da trave. Do outro lado, a seleção francesa parecia mais disposta a investir nos erros dos adversários.
Foi em uma jogada de contra-ataque que Kanté recuperou a bola e tocou para Griezmann, que rapidamente acionou Pogba. O camisa 6, com toda sua elegância, deu rápidas e longas passadas antes de entregar um lançamento rasteiro para Mbappé, que quase chegou na bola antes de Courtois.
Ciente de que precisava partir para o tudo ou nada depois do gol da França, a Bélgica investiu no ataque. Literalmente, já que o técnico Roberto Martinez trocou Chadli por Batshuayi nos últimos minutos. Mas a solidez francesa não foi vazada.
O clássico Lloris x Courtois
Os dois têm bastante em comum. São goleiros que atuam no Campeonato Inglês, têm a confiança dos torcedores e tiveram grande atuação nesta terça. No primeiro tempo, enquanto Lloris impediu que a Bélgica marcasse com um giro de Alderweireld aos 21, Courtois segurou uma bomba de Matuidi aos 17 e usou o pé para desviar a finalização de Pavard aos 39. Na etapa final, aos 49, o goleiro belga impediu o segundo gol da França no chute de Tolisso.
Henry ouviu o hino francês do outro lado
Ídolo da seleção francesa e campeão do mundo em 1998, Thierry Henry deve ter estranhado a sensação de ouvir como adversário o hino de seu país, a Marselhesa. Segundo o técnico Roberto Martinez, ele deu à Bélgica a experiência e a mentalidade de um vencedor. Menos contra a seleção que o colocou na história.
Histórico jogava a favor da França
Antes desta terça-feira, as duas seleções tinham se enfrentado duas vezes em Copas do Mundo. A França venceu as duas, mas ambas ocorreram muito antes do surgimento da atual geração belga: em 1938 e 1986. Para efeitos de comparação, De Bruyne e Hazard nasceram em 1991. Lukaku, o artilheiro, é de 1993.
Lloris iguala o professor
Capitão da França no título de 1998, o técnico Didier Deschamps foi igualado pelo goleiro (também capitão) Hugo Lloris. A partir desta terça, cada um dos dois tem 103 partidas com a camisa azul. À frente dos dois, estão Vieira, com 107, Zidane, com 108, Desailly, com 116, Henry, com 123, e Thuram, com 142.
Rivalidade de fronteira
França e Bélgica são países que dividem fronteira e povos que têm muito em comum. Não é por acaso que Hazard, craque da Bélgica, passou a infância se inspirando em ídolos do futebol francês, como Zidane. “Pintado” por camisas azuis e vermelhas, o estádio teve um duelo particular entre torcedores das duas nacionalidades.