MPF alerta para atraso em obras complementares da transposição na PB e risco de acidentes

As obras complementares da transposição das águas do Rio São Francisco na Paraíba não devem ficar prontas no prazo prometido, conforme contatou o Ministério Público Federal (MPF) durante uma diligência no local. Além disso, na visita foram encontrados vários pontos que colocam a vida dos trabalhadores da obra em risco. Um laudo com detalhes dos problemas e fotos foi divulgado nesta quinta-feira (12).

A visita foi feita na barragem do município de Camalaú, no Cariri da Paraíba, que está passando por obras. A diligência foi realizada pela procuradora da República Janeira Andrade de Sousa, com apoio da técnica administrativa Ana Cláudia Batista de Souza.

Durante a visita, a procuradora questionou funcionários que estão à frente dos trabalhos. Foi constatado que, apesar de não haver registro de falta de funcionários, as obras estão atrasadas por causa de problemas técnicos em uma empresa terceirizada de Santa Cruz do Capibaribe, em Pernambuco.

O prazo era pra que a obra fosse concluída até o dia 1º de agosto deste ano. Faltando 20 dias para o fim do prazo, os responsáveis pela parte operacional da obra estimam que ela ainda esteja em 60% do total que deve ser feito. Em outro ponto da obra, em uma área de escavações de rochas, também foram encontrados problemas como falta de equipamentos.

Risco de acidentes

Para o MPF, o quesito de segurança foi uma grande preocupação durante a visita, pois foram flagrados pontos com risco de desmoronamento e consequentemente riscos de graves acidentes. O relatório cita que “qualquer pessoa que se disponha a comparecer àquele canteiro visualizará fissuras e imensos blocos de rochas que estão escorados por fragmentos menores”.

O coordenador do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) na Paraíba, Alberto Batista, confirmou que a obra está atrasada. Ele acredita que a obra leve mais 20 dias, além do prazo, para ser concluída. Ou seja, até 21 de agosto deste ano.

Transposição paralisada

Desde o início do mês de abril deste ano, o bombeamento das águas da transposição do Rio São Francisco, eixo leste, para a Paraíba, foi suspenso por causa da necessidade realizar obras complementares no açude de Poções, em Monteiro, e na barragem de Camalaú.

Por causa dessa paralisação no bombeamento, o açude Epitácio Pessoa, conhecido como açude de Boqueirão, no Cariri paraibano, deixou de receber recargas do “Velho Chico”. O açude de Boqueirão é usado para abastecer Campina Grande e outros 18 municípios do Agreste da Paraíba. Além disso, o açude de Boqueirão também está liberando água para a barragem de Acauã, através do Rio Paraíba.

Caminho das águas

No eixo leste da transposição, a água é captada do Rio São Francisco, na barragem de Itaparica, que fica na cidade de Petrolândia, em Pernambuco. De lá, a água segue por canais, aquedutos e túneis até a cidade de Monteiro, na Paraíba. Depois de chegar a Monteiro, a água segue o caminho natural do leito do Rio Paraíba, passando pelos açudes de São José, Poções, Camalaú, Boqueirão, Acauã, seguindo até um perímetro irrigado na região da Mata paraibana.

Poções

O açude de Poções, em Monteiro, que também está ligado à obra complementar, teve o volume reduzido de 7% para apenas 2%, mas isso estava previsto por causa da necessidade do reparo. Atualmente ele tem apenas 597,8 mil metros cúbicos de água. Os dados de volumes são da Agência executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa).

Camalaú

No açude de Camalaú, onde estão acontecendo as obras visitadas, o volume no dia 4 de abril era de 14,4%. Nesta quinta-feira o volume está em 9,46%, o que equivale a 4,5 milhões de metros cúbicos de água.

Boqueirão

Mesmo depois da paralisação do bombeamento, o açude de Boqueirão apresentou uma grande aumento no volume. Mas isso ocorreu por causa das chuvas registradas nos últimos meses na região do Cariri. No dia 4 de abril deste ano, o volume estava em 17,33% da capacidade total. Nesta quinta-feira, o volume é de 32,67%, que equivale a cerca de 134,5 milhões de metros cúbicos de água.

Acauã

O açude Argemiro de Figueiredo, conhecido como açude de Acauã, teve uma boa melhora durante esse período, mas isso só está ocorrendo porque Boqueirão está com a comporta aberta, liberando cerca de 0,4 m³ de água por segundo, além das chuvas. Do dia 4 de abril para o dia 6 de junho deste ano, o volume aumentou de 3,64% para 11,94%. Mas deste então passou a dimiunir gradativamente e, nesta quinta-feira, registrou com 11,77%, o que equivale a cerca de 29,7 milhões de metros cúbicos de água.

CARIRI EM AÇÃO

Com G1-PB /Foto: MPF/Divulgação

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