Sem alianças, Bolsonaro ficará só com 8 segundos de propaganda eleitoral

A candidatura de Jair Bolsonaro, que parecia consolidada com o segundo lugar na preferência eleitoral oscilando entre 15% e 18% nas pesquisas, entrou numa área de risco, com o fracasso do candidato em construir alianças partidárias que lhe garantissem um espaço minimamente razoável no horário eleitoral gratuito, especialmente na TV. Nesta semana, o candidato de extrema-direita viu o PR da “raposa” Valdemar Costa Neto e o PRP do general Augusto Heleno baterem-lhe a porta e, com isso, amarga isolamento quase completo com seu minúsculo PSL, que tem uma bancada de apenas oito deputados federais.

Para que se tenha uma ideia, os 8 segundos de Bolsonaro a cada bloco no horário eleitoral TV serão quase a metade dos 15 segundo que Enéas Carneiro teve numa antológica campanha em 1989. Naquela eleição, a primeira depois do fim do regime militar, sequer sonhava-se com as redes sociais -é com isso que conta Bolsonaro, que aposta na Internet para manter-se competitivo. É uma aposta semelhante à primeira candidatura presidencial de Marina Silva, em 2010, mas ela tinha 41 segundos em cada bloco de propaganda gratuita, cinco vezes mais que Bolsonaro. Sem o PR, Bolsonaro deixou de ganhar aproximadamente 22 segundos em cada bloco no horário eleitoral gratuito.

Só dois candidatos têm menos tempo que Bolsonaro, dadas as alianças do momento: João Amôedo (Novo), e Vera Lúcia (PSTU), com 7 segundos cada um. Todos os demais têm mais tempo, de Álvaro Dias e Marina (12 segundos cada) a Manuela e Boulos (13 segundos), Paulo Rabello de Castro (24 segundos), Ciro (33 segundos), Henrique Meirelles (1min26seg), Lula (1min35seg) e Alckmin (2min59seg). No caso do tucano, o tempo de TV depende de confirmação de aliança com PTB, PSD, PV e PPS. Os tempos ainda são todos aproximados porque a divisão depende da concretização das alianças e do número total de candidatos.Há ainda no “mercado” de tempo eleitoral os preciosos segundos ainda sem compromisso de várias legendas. Veja o tempo aproximado de cada uma em cada bloco na TV: PP (25′), PSB (22′), PR (22′), PRB (14′), DEM (14′), SD (10) e PROS (6).

Vários analistas de pesquisas preveem grandes dificuldades para Bolsonaro e o risco de seu esvaziamento a partir de 31 de agosto, quando começa o horário eleitoral gratuito. O estatístico Paulo Guimarães, com 29 anos de atuação em campanhas eleitorais, aposta que Bolsonaro irá desidratar mais adiante. Alberto Carlos de Almeida, sócio da agência Brasilis, não fala em queda de Bolsonaro, mas prevê uma campanha negativa violenta de Alckmin contra ele, para conquistar os eleitores do candidato do PSL -sem que Bolsonaro tenha como defender-se na TV.

O cientista política Carlos Pereira, da FGV/Ebape vê grande dificuldade à frente para o candidato de extrema-direita: “Acho que a candidatura do Bolsonaro é de alto risco para os partidos se engajarem. É uma candidatura sem estrutura, sem recursos, baseada na persona dele e nos mecanismos alternativos de conexão direta com os eleitores, via redes sociais. É um candidato com altíssima rejeição e o preferido para qualquer outro candidato ter como adversário no segundo turno. Os partidos que fazem esse cálculo não tem muito interesse em estarem próximos ao Bolsonaro, porque podem estar assinando a sentença de morte”.
Para manter-se na disputa como candidato capaz de ir ao segundo turno, Bolsonaro terá enormes desafios à frente.

CARIRI EM AÇÃO

Com Brasil 247/Foto: Reprodução Internet

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