Ter curso superior não é garantia de emprego, mas coloca o trabalhador em vantagem salarial cada vez maior. Um trabalhador com ensino superior completo recebe, em média, 5,7 vezes o rendimento de um brasileiro com até um ano de estudo. O aumento dessa disparidade é mais um dos efeitos perversos provocados pela crise econômica: os brasileiros que foram para a escola por menos tempo têm sido os mais prejudicados pela piora no mercado de trabalho.
Atualmente, um trabalhador com ensino superior completo tem um rendimento médio de R$ 4.911,66, enquanto um brasileiro com até um ano de estudo ganha R$ 859,81. A diferença entre os rendimentos dos dois grupos, de 471%, é maior do que foi no ano passado, de 443%. Mas já foi ainda pior: em 2012, os mais escolarizados ganhavam em média quase 500% mais que os que tinham até 1 ano de estudo.
E não piorou só para quem tem pouco estudo: para os brasileiros com ensino médio completo, o diferencial neste ano em relação a quem tem o superior completo chegou a 169%. É a diferença mais elevada desde 2012.
Ocupação despenca para os menos escolarizados
Com a recessão e a lenta saída da crise econômica, os trabalhadores com menos escolarização foram os mais prejudicados pelo fechamento de postos de trabalho. No primeiro trimestre deste ano, a ocupação para os trabalhadores sem instrução ou com menos de um ano de ensino recuou 19,9% na comparação com o mesmo período de 2017.
Entre os brasileiros que concluíram o ensino médio, a ocupação cresceu 2% neste ano e, para os trabalhadores com ensino superior, o avanço foi de 5,3%.
“Durante a crise de 2015 e 2016, houve uma perda forte de vagas nas pessoas com menor escolaridade. Elas acabaram sendo mais prejudicadas”, afirma a economista e sócia da Tendências Consultoria Integrada, Alessandra Ribeiro.
Além de enfrentar um mercado de trabalho mais restrito ou que cresce num ritmo mais fraco, os trabalhadores menos escolarizados ainda viram a concorrência aumentar. Nos últimos anos, os brasileiros estão passando mais tempo na escola – em média, 9,1 anos – e, portanto, hoje há mais trabalhadores com alguma qualificação melhor para um mercado reduzido.
“O ensino médio se popularizou muito, então a oferta de pessoas com esse nível de escolaridade tem mais concorrência para trabalho, enquanto a demanda diminuiu”, afirma o diretor da FGV Social, Marcelo Neri.
Os dados da última Pnad sobre educação revelaram, por exemplo, que a quantidade de brasileiros com mais de 25 anos e que concluiu ensino médio era de 26,3%. A fatia de brasileiros com ensino superior é de 15,3%, enquanto a quantidade de brasileiros sem instrução ou com menos de um ano de estudo ficou em 11,2%.
G1/Foto: G1
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