Nesta sexta-feira, dia 12, fiéis de todo o país comemoram o Dia de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. A divindade católica deve olhar com tristeza o que tem ocorrido desde o fechamento das urnas. De lá para cá, em sequência, apoiadores do candidato à Presidência, Jair Bolsonaro (PSL), realizaram pelo menos 50 ataques contra adversários, segundo mapeamento foi feito pelo site Congresso em Foco. Os fatos e denúncias têm tomado conta das redes sociais, com ofensiva também dos petistas – eles, porém, apenas no campo virtual. O acirramento fez com que o jornal O Globo dedicasse editorial com críticas à questão. Os ataques, é verdade, não podem ser colocados na conta do político. Mas é verdade também que eles são reflexo da mensagem externada na campanha.
Depois de uma postura dúbia, no primeiro momento, o capitão da reserva do Exército passou a lamentar os episódios. Nesta quinta-feira (11), durante entrevista à rádio CBN, ele falou de forma assertiva: “Sou vítima do que prego”. A frase não é apenas figura de linguagem. O próprio candidato do PSL, o mais votado no primeiro turno, foi vítima de um atentado lamentável no dia 6 de setembro. Bolsonaro também pediu para que militantes que estejam cometendo atos de violência não votem nele, por coerência. A postura do presidenciável é coerente com o momento atual, não com o conjunto da campanha. Mas o pedido de paz, mesmo com atraso, é bem vindo. Os atos violentos têm potencial de corroer a gordura eleitoral conquistada no primeiro turno.
O momento político do Brasil é delicado por que forma um tecido frágil para o seguimento da democracia. Nosso país saiu de uma ditadura há apenas 33 anos. As marcas dos anos de chumbo, regados a torturas, mortes e perseguições ainda estão bem vivas. Mas é preciso dizer que o regime democrático instaurado desde então, apesar dos avanços inegáveis, deu poucas respostas em setores essenciais do país como saúde e educação. A escalada da violência também é um sintoma claro de erro e que precisa ser corrigido. Não fosse por isso, o flerte de parte da população com um regime mais repressivo não existiria. A corrupção descoberta nos governos petistas, tucanos e emedebistas também são indefensáveis. Não quero dizer que ela não existiu durante o regime militar.
O combate à violência precisará ser encarado com seriedade pelo novo governante, seja ele quem for. O cidadão, ao sair de casa, precisa ter a segurança de que não vai ser assaltado e morto na rua. As pessoas que vivem nos pequenos municípios não aguentam mais os estouros de bancos com requintes de faroeste caboclo. São respostas que precisam ser dadas por Jair Bolsonaro ou Fernando Haddad (PT), caso um deles seja eleito. Esta solução terá que vir através da busca de união do país e não por atos violentos. O editorial de O Globo reforçou que não existe um “ungido” na corrida eleitoral, não se trata disso. Também não haverá salvador da pátria. Precisamos, sim, que o eleito dê na gestão maior atenção à segurança política, à economia e às questões sociais.
Suetoni/Foto : internet