O embaixador da Itália no Brasil, Antonio Bernardini, discutiu nesta segunda-feira pela manhã a extradição do ex-guerrilheiro Cesare Battisti com o presidente eleito Jair Bolsonaro . Em diversos momentos, Bolsonaro já se manifestou favorável à medida.
Bernardini conversou por cerca de uma hora com Bolsonaro. Segundo ele, há sintonia entre as visões do presidente eleito e do governo italiano sobre o caso.
– Claro que falamos do caso Battisti. O caso é muito claro, a Itália está pedindo a extradição e o caso é discutido no Supremo Tribunal Federal. Esperamos que o Supremo tome a decisão no prazo mais curto possível – afirmou.
– Ele tem a mesma ideia que eu sobre o caso.
Além de discutir a extradição, a delegação italiana tratou da ampliação das relações comerciais e da cooperação entre as nações depois da posse do novo governo. Há tratativas para uma visita do presidente brasileiro à Itália, mas “tudo será definido no futuro”, garantiu.
– Foi uma conversa muito simpática. O nome Bolsonaro é de origem italiana, o presidente falou da origem da família – relatou.
– Temos uma presença no Brasil que é histórica, claro que estamos olhando as possibilidades para no futuro aumentar a presença italiana e cooperar com o Brasil.
Mais cedo, Bolsonaro recebeu uma comitiva diplomática chinesa, liderada pelo embaixador do país no Brasil, Li Jinzhang. Maior parceiro comercial do Brasil, a China foi alvo de críticas de Bolsonaro durante a campanha eleitoral.
ENTENDA O CASO BATTISTI
Battisti teve sua extradição requerida pela Itália em razão de ter sido condenado naquele país a prisão perpétua por quatro assassinatos na década de 1970, quando era integrante de um grupo militante de esquerda. No entanto, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu, no final de 2010, conceder a Battisti status de asilado no Brasil.
Em outubro do ano passado, Battisti foi detido em Corumbá (MS), cidade próxima à fronteira com a Bolívia, carregando dólares e euros em espécie, numa indicação de que poderia estar planejando uma fuga do país, o que levou a Itália a reiterar seu pedido ao governo brasileiro pela extradição.
Battisti, no entanto, foi solto por ordem da Justiça e responde ao processo em liberdade, sob algumas medidas restritivas.
Na década de 1970 Battisti pertenceu ao grupo guerrilheiro chamado Proletários Armados pelo Comunismo. Ele escapou da prisão em 1981 e morou na França antes de seguir ao Brasil para evitar ser extraditado para a Itália.
O Globo/Foto: Reprodução