Panfletos distribuídos na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) mostram ameaças a professores e alunos da instituição nos últimos dias. Na noite dessa terça-feira (6), nas redes sociais, as postagens passaram a circular e chamaram a atenção, sobretudo, do eixo acadêmico e estudantil. A lista é intitulada de “Doutrinadores e alunos que serão banidos do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) em 2019”. No fechamento, também é feita alusão ao presidente eleito Jair Bolsonaro: “o mito vem aí”.
Um dos primeiros citados da lista, o sociólogo José Luiz Ratton, taxado como “doutrinador socialista que faz apologia ao uso de drogas”, afirmou que providências legais estão sendo tomadas”. “Não é a primeira vez que isto acontece na história do Brasil, nem será a última. O que cabe a nós é resistir de maneira racional, coletiva, sensata e firme, com estratégias de ação democráticas e cuidando muito uns dos outros”. Ratton também cobrou pronunciamentos de autoridades dos poderes Executivo, Judiciário, Legislativo e do Ministério Público.
Após ter fotos associadas a “Pinguim de Privataria” em postes da UFPE, o professor de filosofia Rodrigo Jungmann prestou queixa à Polícia Federal. Em um dos cartazes, a foto dele está colocada e é assinado pelo “Comitê de Luta contra o Golpe – UFPE”. Procurado pela reportagem do Diario, Jungmann destacou repúdio a qualquer ameaça. “Foi muito além desse cartaz. Aconteceu também uma ameaça de morte feita por um comentário em um vídeo meu pelo Youtube, há cerca de três meses, mas eu só vi isso agora. Isso faz parte da queixa crime que fiz à Polícia Federal. Continuo dando as aulas, mas isso está afetando a paz espiritual e fico com medo porque você fica olhando para os lados e com certo temor”, relatou o acadêmico.
Autoridades se posicionaram em relação ao acontecimento. Em postagem publicada no Facebook, o promotor Ricardo Coelho repudiou ameaças feitas no ambiente acadêmico. “A academia é o campo sagrado onde semeada a liberdade florescem idéias, qualquer atitude repressiva de censura ou discriminação deve ser tratada como crime contra a democracia e atentado ao estado democrático de Direito”, pontua o membro do Ministério Público.
No Instagram, a deputada federal eleita Marília Arraes (PT) destacou que o fato é uma “afronta à democracia e à autonomia da universidade pública”. Para a petista, “trata-se de mais uma tentativa dos que querem destruir a educação superior pública e gratuita no Brasil, construída e consolidada graças a luta incansável de mulheres e homens de várias gerações que tanto nos ensinaram e que continuam nos inspirando”.
Diário de Pernambuco