O empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, o vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade (MDB), o ex-ministro Neri Geller (PP-MT) e o deputado estadual João Magalhães (MDB-MG) foram presos nesta sexta-feira (9), alvos da Operação Capitu, deflagrada pela Polícia Federal.
A ação investiga suposto esquema de corrupção no Ministério da Agricultura entre 2014 e 2015, quando Andrade e Geller foram ministros na gestão de Dilma Rousseff (PT).
Também alvo da operação, o executivo Ricardo Saud (ex-diretor da J&F, holding que controla a JBS) foi levado à sede da PF.
A PF cumpre 63 mandados de busca e apreensão e 19 de prisão temporária em cinco estados: Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba e Mato Grosso. Apenas em Belo Horizonte são cumpridos 26 mandados. Os mandados foram expedidos pelo TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) e mobilizam 310 agentes da PF.
Segundo a versão da PF, a operação é baseada na delação de Lúcio Funaro (apontado como operador financeiro do MDB), que disse que havia um esquema de distribuição de suborno pela JBS para políticos do MDB e servidores dentro do Ministério da Agricultura, na gestão de Antonio Andrade.
Em troca do dinheiro, eram aprovadas medidas que beneficiariam os empresários. Segundo a investigação, entre as medidas, estavam licenciamentos e normas do ministério que, na prática, eliminaram a concorrência da empresa no mercado de carnes.
“Todos esses fatos só são investigados porque Joesley entregou dados e documentos à Polícia Federal. A prisão merece ser reconsiderada”, disse Pierpaolo Bottini, um dos advogados de defesa.
Segundo a delação de Funaro, a JBS também teria repassado cerca de R$ 7 milhões ao MDB na Câmara. Esta propina, de acordo com a PF, era negociada com o então deputado federal Eduardo Cunha (MDB-RJ) e entregue aos demais políticos e servidores da pasta por Funaro.
Em contrapartida, o ministério beneficiou a JBS com determinações como a regulamentação da exportação de despojos, a proibição do uso da ivermectina (remédio que combate verminoses e parasitas) de longa duração e a federalização das inspeções de frigoríficos. Pela primeira medida, foram pagos R$ 2 milhões e pela segunda, R$ 5 milhões.
O então deputado federal Manoel Junior (PSC-PB), atual vice-prefeito de João Pessoa, teria recebido, segundo a PF, R$ 50 mil pela tentativa de promover a federalização das inspeções sanitárias por meio de uma emenda em medida provisória de 2014 que tratava de assunto diverso, o licenciamento de farmácias.
O inquérito apurou ainda que a JBS financiou ilegalmente, com R$ 30 milhões, a campanha de Cunha para a presidência da Câmara. Metade da verba foi repassada a Andrade, que por sua vez redistribuiu parte dos recursos entre a bancada mineira.