Os microbiomas — comunidade de bactérias, fungos e vírus — são essenciais para o bom funcionamento do corpo humano e podem ajudar a entender uma série de complicações na área da saúde. Por isso, pesquisadores têm se dedicado a entender mecanismos ligados a esses grupos de micro-organismos presentes em áreas como o intestino e o aparelho urinário. Nas edições desta semana das revistas britânicas Naturee Nature Medicine, estudos demonstram associação entre a composição de microbiotas e a ocorrência de parto prematuro, doença inflamatória intestinal (DII) e diabetes tipo 2. Os trabalhos fazem parte do projeto Integrative Human Microbiome Project (iHMP), cujos resultados podem contribuir para o desenvolvimento de intervenções médicas mais eficazes.
Curtis Huttenhower, pesquisador da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e autor principal de um dos estudos, analisou 132 indivíduos com DII e pessoas saudáveis (grupo controle). Ele e colegas identificaram alterações na composição da microbiota, nas moléculas derivadas do hospedeiro (voluntários) e do microbioma no intestino dos participantes que tinham a doença, além de mudanças na expressão gênica. “Os dados disponíveis fornecem a descrição mais abrangente até o momento das atividades microbianas e do hospedeiro nas doenças inflamatórias intestinais. Essas enfermidades afetam mais de 3,5 milhões pessoas, e sua incidência está aumentando em todo o mundo.”
As formas mais prevalentes de DII são a doença de Crohn e a colite ulcerativa. Para a equipe, os novos dados podem ajudar a entender melhor o surgimento dessas complicações mais incidentes e contribuir com informações valiosas para a construção de terapias mais eficazes. “É importante, no futuro, usar as informações relativas a essas moléculas dentro da clínica, criando melhores biomarcadores preditivos de progressão das enfermidades, o que também poderá fornecer alvos para melhores tratamentos”, frisam os autores.