Um novo lote de mensagens privadas entre os procuradores federais da Operação Lava Jato, divulgado neste domingo (30) pela Folha de S. Paulo, em parceria com o The Intercept Brasil, revelaram algo que pode abalar a credibilidade do ato jurídico que culminou na prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
É que o empreiteiro Léo Pinheiro, da Construtora OAS, que incriminou que levou o ex-presidente à prisão, no caso do apartamento Triplex, foi tratado com desconfiança pela Operação Lava Jato durante quase todo o tempo que se dispôs a colaborar com as investigações, segundo mensagens privadas trocadas entre procuradores envolvidos com as negociações.
“Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS, só passou a ser considerado merecedor de crédito após mudar diversas vezes sua versão sobre o apartamento tríplex de Guarujá (SP) que a empresa afirmou ter reformado para o líder petista”, diz trecho da reportagem.
A matéria lembra ainda que Léo Pinheiro só apresentou a versão usada para condenar Lula em abril de 2017, mais de um ano depois do início das negociações com a Lava Jato. Os diálogos examinados pela Folha e pelo The Intercept ajudam a entender por que as negociações da delação da empreiteira, até hoje não concluídas, foram tão acidentadas — e sugerem que o depoimento sobre Lula e o tríplex foi decisivo para que os procuradores voltassem a conversar com Pinheiro, meses depois de rejeitar sua primeira proposta de acordo.”
O empreiteiro foi recebido com ceticismo desde o início. “A primeira notícia de versão do LP [Léo Pinheiro] sobre o sítio já é bem contrária ao que apuramos aqui”, disse um dos procuradores, Paulo Roberto Galvão, no início de março. “Estamos abertos a ouvir a proposta da empresa mas não nos comprometemos com nada.”