Cientistas buscam implementar a vacina oral

Aqueles que ainda se incomodam com a imagem ameaçadora de uma agulha no momento da vacina podem ficar mais esperançosos. Várias pesquisas estão em busca da substituição de vacinas injetáveis por outros tipos menos angustiantes.

Uma das mais recentes, realizada pelo médico Ziv Shulman, do Departamento de Imunologia do Instituto Weizmann de Ciências, em Israel, e por sua orientanda, Adi Biram, busca introduzir a vacina oral para a prevenção de doenças.

Atualmente, a vacina oral é utilizada apenas no combate a um universo restrito de doenças, como a poliomielite e o rotavírus. A ideia da pesquisa é ampliar esse leque para praticamente todas as patologias.

Para tanto, Shulman busca desvendar o porquê de as células imunológicas, produzidas no sistema linfático, são muito menos eficazes no intestino, o que prejudica a ação de uma vacina oral.

A resposta tem a ver com o fato de as células imunológicas (células B) do intestino, em contato com o antígeno (partícula ou molécula capaz de iniciar a produção de um determinado anticorpo) da vacina, ficam mais confusas no intestino.

Neste órgão, afinal, estas células imunológicas também mantêm as bactérias sob vigilância, dificultando o discernimento de cada função separadamente.

“Descobrimos que os órgãos linfáticos nos intestinos funcionam com um conjunto de regras diferente do que se vê no sistema linfático periférico”, disse Shulman.

Além disso, os órgãos linfáticos do intestino (onde se desenvolve a defesa acionada pela vacina), têm os núcleos imunológicos especializados muito pequenos e ocultos, o que dificulta o estudo com os métodos padrão.

Shulman e Biram, então, desenvolveram um método de remoção e geração de imagens próprio para os órgãos linfáticos dos intestinos, chamado método do “cérebro limpo”, na neurobiologia.

Por este método, os tecidos ficam transparentes e os órgãos linfáticos podem então ser vistos com um microscópio de fluorescência, por foco de luz.

“Esse método nos permitiu capturar todos os nichos imunológicos em um órgão inteiro (o intestino) e estudar como esses compartimentos contribuem para uma reação imunológica emergente”, disse Biram.

Pesquisa em camundongos

Nesta pesquisa, realizada em intestino de camundongos, descobriu-se que, no intestino, as células que desenvolvem as células imunológicas iniciaram normalmente a interação.

Mas, em uma segunda etapa, não eram capazes de distinguir entre anticorpos de alta e baixa afinidade, ou seja, que têm maior ou menor condições de se ligar ao antígeno.