Um estudo realizado por pesquisadores da Universidades Federal da Paraíba (UFPB), afirma que as muheres são as mais afetadas pela pandemia do Covid-19. A vulnerabilidade referida está ligada ao desemprego e ao aumento da violência doméstica.
O assunto foi discutido pelas integrantes do Grupo de Estudos e Pesquisas em Economia Política e Trabalho (Gepet), durante uma live nesta sexta-feira (22).
De acordo com a professora Cláudia Costa Gomes, o intuito da ação é colaborar com o debate sobre a condição das mulheres na conjuntura causada pela pandemia, analisando as suas condições de trabalho em meio à crise e à violência sofrida por elas.
As debatedoras são as pesquisadoras Leidiane Oliveira, professora do Departamento de Serviço Social da UFPB, e Emanuelle Galdino, técnica da Gerência Operacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, da Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana da Paraíba.
Entre os principais dados debatidos durante a transmissão ao vivo, foi as jornadas de trabalho extensas, marcadas pela divisão sexual do trabalho, e a inserção das mulheres no trabalho enquanto profissional de saúde.
As pesquisadoras analisaram dados do relatório “Mulheres no centro da luta contra a crise Covid-19”, divulgado no final de março pela ONU Mulheres, entidade da Organização das Nações Unidas para igualdade de gênero e empoderamento. Dados nacionais e regionais, como os da Secretaria de Segurança e da Defesa Social da Paraíba, também fundamentarão o debate.
A professora Leidiane Oliveira ressalta que, segundo os dados da ONU Mulheres e do Conselho Federal de Enfermagem, no Brasil, 85% dos trabalhadores de enfermagem são mulheres. Elas também são 45,6% da categoria dos médicos.
Além disso, 85% dos cuidadores de idosos são mulheres. “As mulheres também são maioria no trabalho informal, desprotegidas de direitos trabalhistas e impossibilitadas de ficar em quarentena pela necessidade de continuar trabalhando”.
Com as escolas com atividades presenciais suspensas, as mulheres estão tendo que se dedicar mais às crianças, aumentando, assim, a jornada de trabalho, que já era intensa.
“Geralmente, são elas quem assumem o trabalho de casa e, por vezes, o trabalho de fora, o que soma a chamada dupla jornada, que agora praticamente se tornou uma tripla jornada em função dessas novas demandas no âmbito familiar”, diz a professora Leidiane.
A pesquisadora destaca, ainda, que, conforme dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, as ligações para a Central de Atendimento à Mulher pelo , relativas à violência doméstica, estão aumentando durante a pandemia.
Em abril, foi registrado o aumento de 35% no número de denúncias de violência contra as mulheres. Emanuelle Galdino vai discutir dados da Paraíba sobre violência doméstica e feminicídio.