Cidades dos Estados Unidos registraram nesta sexta-feira (29) mais uma jornada de protestos em resposta à morte de George Floyd, o ex-segurança que morreu sob custódia de policiais em Minneapolis.
Houve tumulto e confronto com a polícia em diversas partes do país, e, na capital Washington, a Casa Branca foi momentaneamente trancada. Em Minneapolis, os protestos continuaram mesmo com o toque de recolher na cidade (veja mais abaixo).
29 de maio – Manifestantes atearam fogo no Barclays Center, em Nova York, pela morte de George Floyd, um negro que estava sob custódia policial em Minneapolis — Foto: Frank Franklin II/AP
Nesta tarde, o policial filmado com o joelho sobre o pescoço de Floyd foi detido e formalmente acusado de homicídio. Outros três policiais estão sob investigação.
A morte de Floyd, ocorrida na segunda-feira, reacendeu a discussão sobre violência policial e racismo e gerou manifestações nos EUA ao longo da semana, mesmo com as recomendações de distanciamento social por causa da pandemia do novo coronavírus.
Veja abaixo um resumo sobre os protestos desta sexta (29)
‘Eu não consigo respirar’, diz cartaz segurado por manifestante nesta sexta (29) em Washington, nos EUA, em protesto após morte de George Floyd — Foto: Jonathan Ernst/Reuters
- Em Atlanta, centenas de pessoas protestaram em frente à sede da emissora CNN, que teve um repórter preso na cobertura dos atos nesta tarde. Houve tumulto.
- Manifestantes marcharam em direção à Casa Branca, em Washington, sede do governo dos EUA.
- Em Minneapolis, os protestos continuam mesmo com toques de recolher impostos pelo prefeito e pelo governador a partir das 20h (horário local, 22h de Brasília).
- Novo protesto tomou uma praça em Nova York, cidade onde dezenas de pessoas foram presas após confronto com a polícia na quinta-feira.
- Também foram registrados atos na Flórida, no Novo México, no Colorado, em Ohio, no Texas, no Arizona, em Kentucky e em Nevada, segundo a agência Associated Press.
Casa Branca trancada
Manifestantes protestam em frente veículo policial em Washington durante atos nesta sexta (29) contra morte de George Floyd — Foto: Jonathan Ernst/Reuters
Na capital Washington, centenas de pessoas caminharam rumo à Casa Branca, sede do governo dos EUA e residência do presidente Donald Trump. Por isso, o local precisou ser trancado pelo serviço secreto por “precaução”, mas as restrições foram retiradas momentos depois.
Um grupo também tentou chegar ao Trump Hotel, empreendimento do magnata republicano na capital.
A cidade registrou tumulto entre manifestantes e policiais. Forças de segurança responderam com spray de pimenta durante os confrontos.
Tumulto em Atlanta
29 de maio – Manifestantes se aglomeram em frente à sede da CNN em Atlanta, nos EUA, após a dispersão de um protesto pela morte de George Floyd — Foto: Ben Gray/Atlanta Journal-Constitution/AP
No início da noite, centenas de pessoas se aglomeraram em frente à sede da emissora CNN em um ato contra o racismo. Um repórter do canal foi detido enquanto cobria as manifestações nesta quinta.
O protesto começou pacífico, mas logo houve tumulto. Um grupo pichou o letreiro com a logo da emissora, e outros queimaram carros e entraram em confronto com as forças de segurança. Houve manifestantes que queimaram a bandeira dos EUA e pediram aos policiais que “deixassem seus empregos”.
29 de maio – Viatura policial em chamas após protesto em Atlanta pela morte de George Floyd, um homem algemado que morreu no Memorial Day sob a custódia da polícia de Minneapolis — Foto: Alyssa Pointer/Atlanta Journal-Constitution/AP
A prefeita de Atlanta, Keisha Lance Bottons, pediu que as pessoas voltassem para casa. “Isso não é um protesto, não é o espírito de Martin Luther King, Jr.”, disse, em referência ao ícone da luta por direitos civis nos EUA.
“Isso é o caos. Um protesto tem um propósito”, disse.
Nova York relembra outros mortos
29 de maio – ‘Não podemos respirar’ (‘We can’t breathe); Manifestantes em Nova York protestam após a morte de George Floyd, homem negro morto por um policial branco em Minneapolis, nos EUA — Foto: Frank Franklin II/AP
Pelo segundo dia consecutivo, Nova York registrou atos contra a violência policial. Além da morte de Floyd, os manifestantes relembraram Eric Garner, outro homem nego morto em ação policial em 2014 em Staten Island. Os protestos ocorreram mesmo com as medidas severas de isolamento social na cidade mais atingida pela Covid-19 no mundo.
Assim como na quinta-feira, houve confronto entre policiais e manifestantes. Uma multidão tentou derrubar barreiras de contenção e jogou garrafas de água contra as forças de segurança, que dispararam bombas de gás lacrimogêneo.
Protestos mesmo com toque de recolher
29 de maio – Pessoas correm em direção a uma estação de trem durante protesto contra a morte de George Floyd, em Minneapolis, Minnesota — Foto: Lucas Jackson/Reuters
29 de maio – Manifestantes erguem os braços em protesto contra a morte de George Floyd, em Minneapolis, Minnesota — Foto: Lucas Jackson/Reuters
O toque de recolher imposto em Minneapolis, cidade onde Floyd morreu, e na vizinha St. Paul começou às 22h (de Brasília, 20h local). Mesmo assim, manifestantes continuavam nas ruas, e a televisão norte-americana mostrava imagens dos confrontos com a polícia.
29 de maio – Homem ergue os braços em protesto contra a morte de George Floyd, em Minneapolis, Minnesota — Foto: Carlos Barria/Reuters
Minneapolis teve saques e incêndios ao longo da semana, e a delegacia da cidade chegou a ser invadida.
Louisville tem protesto duplo
29 de maio – Manifestantes se reúnem para protestar contra a morte de George Floyd e Breonna Taylor, em Louisville, Kentucky; Taylor, uma mulher negra, foi morta a tiros pela polícia em sua casa em março — Foto: Darron Cummings/AP
Assim como em Nova York, os protestos em Louisville, no Kentucky, incluíram na pauta a morte de Breonna Taylor. Ela foi morta por policiais que entraram em sua casa em março, sem chances de defesa.
De acordo com a imprensa norte-americana, um grupo colocou fogo ao tentar invadir pelo subsolo um edifício do judiciário de Louisville.
Caso George Floyd
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5 fatos: entenda o caso Floyd
A morte de Floyd, um homem negro, gerou revolta em diversas partes dos Estados Unidos. Ele foi detido após o funcionário de uma mercearia chamar a polícia e acusá-lo de tentar pagar as compras com uma nota falsa de US$ 20.
A autópsia informa que não há “nenhum achado físico que suporte o diagnóstico de asfixia traumática ou estrangulamento”.
Porém, o efeito combinado de George Floyd ser restringido pela polícia, juntamente com suas condições de saúde subjacentes e quaisquer possíveis intoxicantes em seu sistema, “provavelmente contribuíram para sua morte”, de acordo com a acusação.
Floyd sofria de doença arterial coronariana e doença cardíaca hipertensiva.
O jornal “Chicago Tribune” conta que Floyd fazia parte da massa de desempregados nos Estados Unidos causada pela pandemia de novo coronavírus. Ele perdeu o emprego como segurança em um restaurante depois que o estabelecimento fechou com as medidas de isolamento.
Nesta sexta, o presidente Donald Trump afirmou ter conversado com familiares de Floyd. “Quero expressar as mais profundas condolências de nossa nação e as mais sinceras condolências à família de George Floyd”, disse ele a jornalistas na Casa Branca, ao informar que tinha entrado em contato com os familiares.
“Foi uma coisa terrível, terrível o que aconteceu, algo que nunca deveria ser permitido acontecer”, acrescentou.
Embora tenha lamentado a morte de Floyd, Trump disse que o “tiroteio vai começar” quando houvessem mais saques nos protestos. A publicação feita no Twitter foi marcada pela rede social como “incitação à violência”.