Uma colaboração técnica entre a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Algodão) tem como objetivo a produção e comercialização de inseticida feito do extrato de agave híbrida, uma variante melhorada geneticamente em laboratório, com o intuito de obter uma planta mais resistente a pragas.
O inseticida de agave (sisal), planta cultivada em regiões semiáridas, mata o mosquito Aedes aegypti em qualquer uma de suas fases de vida (ovo, larva, pupa ou adulto).
A pesquisadora responsável pelo invento, a professora Fabíola Cruz, do Departamento de Biologia Celular e Molecular da federal paraibana, destaca que a parceria tem vários benefícios.
“A mais importante delas é que a gente está criando algo para combater um mosquito que causa muitas doenças, não só a dengue, mas a Zika e a Chikungunya”, ressalta a professora.
Neste ano, até a 24ª Semana Epidemiológica, foram registrados 3.393 casos prováveis de dengue na Paraíba, segundo o Boletim Epidemiológico Nº 05, de 22 de junho, da Secretaria de Estado da Saúde, referente a arboviroses. Quanto à Chikungunya, foram notificados 402 casos prováveis e 81 para a doença aguda causada pelo vírus Zika.
A eficácia do inseticida na eliminação do Aedes aegypti já é comprovada e, entre outros benefícios, estão o baixo custo, ação rápida e o fato de não ser tóxico para outros animais.
O objetivo da parceria com a Embrapa é conseguir empresas que possam produzir esse inseticida em escala comercial.
“Nem a UFPB e nem a Embrapa têm condições de produzir, de tornar o inseticida comercializável. Então, para isso, precisamos de um agente externo, que seria uma indústria”, explica a pesquisadora, destacando ainda o papel da Agência de Inovação Tecnológica (Inova) nessa articulação com o setor privado.
Por meio da produção e da comercialização, a pretensão, com este convênio, é também gerar renda para os produtores de sisal na Paraíba, a exemplo do município de Pocinhos, onde a Embrapa tem parcerias e oferece apoio aos trabalhadores rurais.
“Hoje, os produtores que vivem da cultura do sisal têm a sua renda muito diminuída porque a planta vem perdendo importância. Já teve muita relevância no passado, porque a fibra do sinal era muito utilizada na indústria, e hoje está sendo substituída por fibra sintética. Quando a gente faz uma descoberta como essa, isso volta a tornar o sisal importante”, defende a professora Fabíola.
De acordo com Everaldo Paulo de Medeiros, pesquisador da Embrapa Algodão e que também é um dos inventores do inseticida, cerca de 95% do sisal é descartado no lixo, pois 80% é o suco ou extrato da planta, justamente a parte utilizada para produzir o inseticida; 15% é a mucilagem, que é a parte gelatinosa do sisal; e apenas 5% é a fibra.
Segundo ele, a cultura do sisal envolve um contingente com aproximadamente 500 mil postos de trabalho no Brasil, desde o cultivo no campo ao beneficiamento na indústria. No Nordeste, os estados da Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará são os principais produtores.
A criação do inseticida, patenteado pela Inova UFPB, também teve a colaboração dos pesquisadores Valdir Braga, Louise Oliveira, Patrícia Sousa e Gabriel Nascimento. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail fabiola_cnunes@hotmail.com.