A nova lei do setor do saneamento aprovada pelo Congresso em junho vai mudar a cara dos serviços de tratamento de água e esgoto no país ao longo dos próximos anos. Para especialistas, as novas regras vão fomentar investimentos não só das empresas já presentes nesse mercado, como também atrair companhias de outros ramos de atividades. A mudança permite a entrada de empresas privadas em todo o país, não só companhias públicas. Isso inclui empresas brasileiras e estrangeiras, de países como China, França e Espanha.
Para profissionais que acompanham o setor, as concessionárias de energia e de estradas, locais e estrangeiras, são fortes candidatas a entrar no mercado de saneamento, passando a concorrer com as empresas de água e esgoto que já atuam no setor. Esse interesse será compartilhado por grupos locais e estrangeiros, de olho em um negócio de centenas de bilhões de reais.
O analista da gestora de recursos Perfin, Marcelo Sandri, compilou dados que apontam que o faturamento anual do setor de saneamento no Brasil é da ordem de R$ 65 bilhões, chegando a R$ 135 bilhões quando incluídos os investimentos, as receitas e os impostos. Segundo ele, o valor estimado de mercado de todas as estatais de saneamento no Brasil se privatizadas é da ordem de R$ 140 bilhões.
Mais de 100 milhões não têm água e esgoto tratado
Em junho, o Congresso aprovou o novo marco regulatório do saneamento com objetivo de universalizar, até 2033, os serviços de água e tratamento de esgoto que hoje faltam a mais de 100 milhões de brasileiros. As novas regras acabam com as renovações automáticas das atuais concessões e definem índices de eficiência e de qualidade que deverão ser cumpridos, bem como políticas de tarifas.
O texto ainda depende da sanção do presidente da República e, depois, de processos de renovação das concessões por parte das prefeituras. Mas profissionais de mercado dizem que as mudanças vão gerar negócios. Nas contas da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), serão necessários R$ 750 bilhões em investimentos totais nos próximos 10 anos.
