O fim de semana em Rio Branco foi marcado por muita fumaça e muitas queimadas. Dados do Corpo de Bombeiros apontam que foram registrados, entre sexta-feira (17) e domingo (19), 154 queimadas urbanas somente na capital.
O dia com mais registros foi domingo, com 77 ocorrências. Em seguida, sexta com 52 chamados e sábado com 25, totalizando 154 incêndios.
Somente noite de domingo, em cerca de duas horas e meia, foram 18 chamados. O major Cláudio Falcão, do Corpo de Bombeiros, afirmou que o número de ocorrências deste final de semana é 10 vezes maior que o registrado no mesmo período do ano passado, quando foram atendidos 15 chamados.
“A maioria dessas queimadas é em terrenos baldios, áreas verdes da cidade e também em áreas de proteção ambiental. Nossa cidade tem muitos terrenos desabitados, então essas áreas são propícias à queima. Com relação ao que influencia, primeiro que estamos em um período muito seco, onde as pessoas perdem controle de qualquer fogo e ele se transforma em incêndio. Outra é a cultura das pessoas, que insistem em queimar para limpar quintais, terrenos e também tem o vandalismo”, disse o major.
Semeia autuou quatro propriedades, sendo que uma foi multada em mais de R$ 4 mil — Foto: Jardy Lopes/Arquivo pessoal
Quatro proprietários autuados
Ainda neste final de semana, a Secretaria Municipal de Meio de Ambiente aplicou 4 autuações por queimadas urbanas em Rio Branco, sendo que em um dos casos o proprietário foi multado em mais de R$ 4 mil.
A chefe da divisão de fiscalização ambiental, Greyce Kelly Ditomaso, afirmou que nos três dias tiveram ao menos dois grandes incêndios que causaram a cobertura de fumaça que foi vista no final de semana pelos rio-branquenses.
Foi o caso de uma queimada em um terreno próximo ao parque zoobotânico da Universidade Federal do Acre (Ufac) e outra entre a Estrada Transacreana e o Calafate.
“Esse final de semana tivemos vários chamados, foram cerca de 20 atendimentos. Somente esse incêndio entre a Transacreana e o Calafate teve uma extensão de mais de 100 hectares. Esse fogo começou no sábado e ontem [domingo, 19] à noite estive lá e ainda estava queimando bastante e provavelmente está queimando até esta segunda [20]”, disse Greyce.
Número de chamados foi quase 10 vezes mais que no mesmo período do ano passado — Foto: Jardy Lopes/Arquivo pessoal
Qualidade do ar
Fumaça, queimadas, tempo seco e ausência de chuvas. Todos esses fatores contribuem para que a qualidade do ar seja inadequada para a saúde.
Dados dos sensores de monitoração mostram que no final de semana foram registrados dois picos de elevação na concentração de material particulado na atmosfera.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que a quantidade de material particulado por metro cúbico aceitável é de 25 microgramas. Acima disso, a qualidade é ruim para a saúde humana. Neste final de semana, os valores oscilaram entre 18 a 202 microgramas por cada metro cúbico de ar, ou seja, ficou muito acima do aceitável.
Quase R$ 400 mil em multas
No Acre, a pedido do G1, o governo fez um levantamento de ações feitas no primeiro semestre deste ano relacionadas ao combate a crimes ambientais. Foram totalizados R$ 393.146,43 em multas relacionadas a desmate, queimadas, embargos e apreensões com madeira ilegal. O valor aplicado mostra uma baixa na média com relação aos anos anteriores.
O governo informou que tem atuado com ênfase contra o desmatamento ilegal, invasões de terras públicas e queimadas. Segundo o balanço, foram 1.640 ocorrências de combate a queimadas urbanas; 169 queimadas rurais; 13 prisões em flagrante; 54 autos de infração, entre atividades de desmate, embargos e apreensões com madeira ilegal, que geraram o valor das multas.
A Amazônia voltou a ser o centro das atenções nos últimos dias. Isso porque registrou 1.034,4 km² de área sob alerta de desmatamento em junho, recorde para o mês em toda a série histórica iniciada em 2015.
No acumulado do semestre, os alertas indicam devastação em 3.069,57 km² da Amazônia, aumento de 25% em comparação ao primeiro semestre de 2019.
COM G1