Em entrevista à Rádio CBN, o Presidente do Conselho Regional de Medicina em Campina Grande, dr. Antônio Henrique, falou sobre o aumento de casos de profissionais de saúde diagnosticados com a Covid-19 na Paraíba.
Ele pontuou que o Conselho tem acompanhado a situação com extrema preocupação, e que inclusive, têm visitado através da campanha chamada “Médicos Contra o Coronavírus”, unidades hospitalares em todo o Estado, no sentido de verificar as condições de trabalho dos médicos e exigir das autoridades que proporcionem melhorias para esses profissionais.
“A gente tem o registro de 534 médicos infectados, ou seja, em torno de 5% do total de médicos no Estado. O que é um número bastante alto comparado com outros locais”
O médico enfatizou que não há explicação para isso, mas que uma reunião foi marcada com a Câmara Técnica de Infectologia do CRM para estudar e descobrir qual seria a explicação para o índice da Paraíba estar mais alto do que outros estados.
Outras problemáticas citadas pelo médico no começo da pandemia, foi a falta de equipamentos de proteção individual, que pelo sobrepreço cobrado pelos fornecedores, tanto o Governo do Estado, como as Prefeituras, tinham dificuldades para adquirir os EPI’s necessários para os profissionais.
A dificuldade citada pelo presidente do CRM foi em relação às vagas em algumas regiões. A exemplo do Brejo paraibano, que não tem leitos de internação para Covid.
Consequentemente, os pacientes precisam ficar temporariamente em uma UPA, na cidade de Guarabira e acabam tendo que ser transferidos para João Pessoa.
“Muitas vezes esse tempo que é perdido entre uma admissão na UPA e a transferência do paciente para João Pessoa, às vezes, é muito longo e acaba sendo prejudicial à saúde e tratamento do paciente”, pontuou.
Em relação aos profissionais do SAMU, ele afirmou que estes têm recebido os equipamentos de proteção individual, mas, têm passado por uma sobrecarga muito grande.
“No caso do SAMU tem um problema adicional que é o fato de que as pessoas estão com medo de procurar os hospitais, então, muitas vezes acabam acionando o Serviço de Atendimento pré hospitalar, que é o caso do SAMU, e sobrecarregando aquele serviço também”, explicou.
Além disso, ele destacou que é necessário lembrar que estão aumentando também as mortes por outras causas, não só pela Covid.
“As outras causas estão matando mais por dois motivos: ou o paciente não procura o hospital ou não existe a vaga no hospital para ele. Porque a gente precisa lembrar que muitas vagas foram reservadas para pacientes com a Covid”.