O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está com a melhor avaliação desde que começou o seu mandato. Segundo o Datafolha, 37% dos brasileiros consideram seu governo ótimo ou bom, ante 32% que o achavam na pesquisa anterior, feita em 23 e 24 de junho.
Mais acentuada ainda foi a queda na curva da rejeição: caíram de 44% para 34% os que o consideravam ruim e péssimo no período. Consideram o governo regular, por sua vez, 27%, ante 23% em junho.
No intervalo de um ano, a aprovação entre pessoas de 35 a 44 anos passou de 30% para 45%.
Entre os que ganham até dois salários mínimos, o salto foi de 22% para 35%. Já entre os desempregados a aprovação do presidente dobrou em pontos: de 18% para os atuais 36%.
Também no intervalo de um ano, houve avanço da rejeição de Bolsonaro em três setores, de acordo com o Datafolha.
Entre os estudantes, por exemplo, passou de 42% para 56%. Nesta semana, o instituto entrevistou por telefone 2.065 pessoas. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.
A mudança do humor da população ocorreu concomitantemente à maior alteração na persona pública de Bolsonaro desde que ele saiu da obscuridade como parlamentar de baixo clero e chegou à Presidência no ano passado.
O presidente passou o primeiro semestre em um crescente embate institucional, que chegou ao paroxismo com sua participação em atos pedindo o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.
Em junho, a crise amplificou-se, com rumores alimentados por notas oficiais acerca de intenção de uso das Forças Armadas e com críticas a decisões que contrariavam o Planalto no Judiciário.
Ao mesmo tempo, o presidente liderava o ataque direto às políticas de isolamento social da pandemia da Covid-19, que no começo classificara de “gripezinha”. Moderou suas declarações contra adversários e parou de dar corda a apoiadores radicais que o esperam à porta do Palácio da Alvorada.
Num intervalo mais recente, de junho até hoje, diferentes setores ajudaram a ampliar a aprovação de Bolsonaro. Entre os moradores do Sudeste, por exemplo, a aprovação passou de 29% para 36%.
Na manhã desta sexta-feira, o presidente, antes sempre crítico às pesquisas do Datafolha, desta vez usou a tática do morde e assopra ao compartilhar a notícia sobre o avanço de sua aprovação:
“Verdade, meia verdade ou fake news? Bom dia a todos”, afirmou Bolsonaro em uma rede social.
Antes desta rodada do Datafolha, a melhor pontuação do presidente havia sido 33% de ótimo e bom, taxa registrada em duas pesquisas. Já a rejeição voltou ao patamar dos seis primeiros meses de mandato, em torno de 30%.
O empate entre aprovação e rejeição reverte, na fotografia desta pesquisa, a tendência de polarização assimétrica registrada nas anteriores durante a crise política.
O presidente também contraiu a Covid-19, o que não mudou sua propaganda de minimizar a doença.
Mas o programa de auxílio emergencial à população mais carente ganhou passo, e o governo amplificou a visibilidade de ações no reduto oposicionista do Nordeste. O resultado parece visível.
Segundo o Datafolha, a rejeição a Bolsonaro caiu de 52% para 35% na região, na qual mantém a pior avaliação: 33% de ótimo e bom, subida de seis pontos em relação a junho. A correlação com a distribuição do auxílio de R$ 600 é sugerida, ainda que não direta.
Entre quem fez o pedido e o recebeu, 42% acham Bolsonaro ótimo e bom, ligeiramente acima da média geral. Só que 36% dos que não fizeram também acham isso.
No Nordeste, onde vive 27% da população, 45% dos moradores recorreram ao instrumento, ante 40% no país todo.
As entrevistas foram feitas por telefone, devido à pandemia.
A pesquisa telefônica, utilizada neste estudo, representa o total da população adulta do país.
As entrevistas são realizadas por profissionais treinados para abordagens telefônicas e as ligações feitas para aparelhos celulares, utilizados por cerca de 90% da população.
O método telefônico exige questionários rápidos, sem utilização de estímulos visuais, como cartão com nomes de candidatos, por exemplo.
Assim, mesmo com a distribuição da amostra seguindo cotas de sexo e idade dentro de cada macrorregião, e da posterior ponderação dos resultados segundo escolaridade, os dados devem ser analisados com alguma cautela por limitar o uso desses instrumentos.
Na pesquisa, feita assim para evitar o contato pessoal entre pesquisadores e respondentes, o Datafolha adotou as recomendações técnicas necessárias para que os resultados se aproximem ao máximo do universo que se pretende representar.
Todos os profissionais do Datafolha trabalharam em casa, incluídos os entrevistadores, que aplicaram os questionários através de central telefônica remota.
Foram entrevistados 2.065 adultos que possuem telefone celular em todas as regiões e estados, em 11 e 12 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais.