A aplicação em massa da vacina russa pode acontecer já no ínico de 2021 no Paraná, a partir de doses importadas, afirmou o diretor-presidente do Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná), Jorge Callado, em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (4). Já a produção em território nacional deve começar no segundo semestre do ano que vem.
De acordo com ele, o governo estadual reservou um orçamento de R$ 200 milhões para a aquisição de doses da Sputnik V, nome dado à vacina russa. Mas ainda não há uma previsão de quantas doses serão compradas.
“Parte da produção russa tem uma reserva para ser usada no Paraná. A Rússia está focada no mercado interno, mas essa parceria já nos coloca numa posição interessante referente à prioridade de receber essas doses russas”, afirmou Callado.
No entanto, para que a previsão de aplicação dessas doses se concretize é preciso que os resultados da fase 3 de testes em humanos, para comprovar a eficácia e segurança da vacina contra a covid-19, sejam positivos. Ela é a última antes de uma possível aprovação para comercialização.
Resultados publicados na revista científica The Lancet publicados nesta sexta-feira (4) mostraram que a vacina russa produziu anticorpos e não gerou nenhum efeito colateral grave em todos os 76 participantes dos testes iniciais.
Callado afirmou que o Tecpar teve acesso a esses resultados 18 dias atrás e já havia feito sua própria avaliação sobre os dados, mas não divulgou por conta do acordo de confidencialidade com o Instituto Gamaleia de Moscou.
A parceria também prevê a transferência de tecnologia para que o Brasil consiga produzir o imunizante com autonomia. “Já tivemos acesso às informações sobre os insumos necessários. Parte está no Brasil e parte deve ser importado”, explicou.
O protocolo para a autorização da fase 3 no Brasil deve ser submetido à Anvisa (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) até o final de setembro. O plano é que 10 mil voluntários participem dos testes. Eles serão profissionais dos hospitais universitários do governo do Paraná e pessoas do grupo de risco, como idosos, diabéticos e hipertensos.
Ainda não foi definida uma faixa etária para a escolha dos participantes, que receberão duas doses do imunizante – a segunda dose será aplicada 21 dias após a primeira. Os resultados poderão ser obtidos entre 45 e 60 dias após o início dos ensaios, segundo Callado.