A declaração foi feita em uma entrevista durante sua viagem ao Vale do Ribeira nesta sexta-feira (4).
“Só uma curiosidade: onde eu trabalho, no prédio da presidência, mais de 200 servidores pegaram o vírus. A maioria, pelo que eu fiquei sabendo, talvez seguindo o meu exemplo -a imprensa sempre acha que eu sou mau exemplo- tomaram [a cloroquina] e nem para o hospital foram”, afirmou o presidente.
A maior parte dos adultos que se infectam com o novo coronavírus não precisa de hospitalização, e se recupera sem a necessidade de medicamentos específicos para a doença.
Há adultos que pegam o vírus e não chegam a apresentar nenhum sintoma.
Uma porção dos doentes têm manifestações mais graves e necessitam de cuidado intensivo, geralmente são pessoas de um dos grupos de risco para a Covid-19.
Nenhum estudo científico até o momento comprovou benefícios do uso da cloroquina para os pacientes da doença.
O presidente admitiu que não há comprovação científica do benefício da cloroquina para doentes da Covid-19.
“Mas não tem outra coisa. Agora, as vacinas, que não têm comprovação científica, querem obrigar a aplicar no povo. Não vou obrigar nada, não, pô”, continuou Bolsonaro.
Atualmente, há mais de 170 vacinas em desenvolvimento no mundo todo. Cerca de 30 delas já passam por testes clínicos (em humanos), e têm seus resultados parciais publicados nas revistas científicas de maior prestígio na área médica.
Embora ainda não se saiba por quanto tempo a imunidade de uma vacina ou da própria infecção pode durar no corpo, os resultados são, em geral, promissores.
“A OMS, que vive vive sambando, falou que mesmo após a vacina o pessoal vai ter que aprender a conviver com o vírus. Politizaram o vírus”, disse o presidente em crítica à Organização Mundial da Saúde, também constantemente censurada pelo presidente norte-americano Donald Trump.
“Eu não estou receitando cloroquina para ninguém, procurem um médico. E se o médico não te satisfazer troque de médico. Quando o cara tá vendendo cerveja mais cara no botequim você não vai em outro? Troca o botequim”, disse.
O presidente também criticou o ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta, dizendo que suas ações e declarações eram alarmistas quando estava à frente da pasta.
Sem máscara, o presidente conversou com adultos e crianças que ficaram próximas a ele. No início de julho, o presidente foi diagnosticado com a Covid-19. Ainda não há comprovação de que pessoas que já tiveram a doença ficam imunes ao vírus.
Nas últimas semanas, relatos bem documentados de reinfecção pelo Sars-CoV-2 têm aparecido e acendido um alerta entre organizações de saúde e especialistas para novas ondas de infecção.
Imagens publicadas nesta sexta (4) também mostram o presidente comendo pastel em um restaurante.
Enquanto come, o presidente, ao lado de um pastor identificado como pastor Josué, lembra de um trecho da bíblia de quando fariseus perguntaram a Jesus por que seus discípulos não lavavam as mãos antes de comer, um ritual de purificação tradicional entre os religiosos da época.
De acordo com a Bíblia, Jesus teria respondido que não é o que entra pela boca que pode contaminar o homem, mas sim o que sai dela.
Segundo médicos, manter as mãos higienizadas é uma das principais medidas de prevenção contra o Sars-CoV-2, que pode ser depositado em superfícies por espirro ou tosse de uma pessoa contaminada.
Ao tocar uma superfície contaminada e levar as mãos aos olhos, boca ou nariz, é possível que se inicie uma infecção.