O número de mortes pelo novo coronavírus em Santos, no litoral de São Paulo, mais que dobrou nos últimos sete dias. Em relação aos sete dias anteriores, o aumento foi de 140%, enquanto o número de casos aumentou cerca de 37%. Os dados acendem um alerta sobre o comportamento da população.
O grande aumento ocorre duas semanas depois do feriado da Independência, quando mais de 260 mil veículos desceram a Serra do Mar em direção ao litoral.
Entre os dias 8 e 14 de setembro, foram registrados 261 novos casos de Covid-19 em Santos, cerca de 37 por dia, e dez óbitos. Já nos sete dias seguintes, entre 15 e 21 de setembro, foram contabilizados novos 358 casos na cidade, em torno de 51 por dia, e 24 novos óbitos.
Para o infectologista Marcos Caseiro, a explicação é muito simples. “É matemática, a ciência não erra. Os últimos dois fins de semana foram surpreendentes, cidade lotada. Então, é só contar duas semanas [para o aumento de casos]. A tendência é que os números continuem altos na semana que vem”.
Milhares de banhistas lotaram as praias de Santos, SP, por dois fins de semana seguidos — Foto: Alexsander Ferraz/Jornal A Tribuna
De acordo com Caseiro, essa piora da doença no município é uma soma do comportamento dos moradores e turistas, e também da flexibilização. Para ele, as pessoas retornaram para suas vidas normais e muitas estão, inclusive, desrespeitando a obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção, que pode até gerar multa.
“A questão dos fins de semana foi impressionante. Multidões vieram para a Baixada Santista. As pessoas não aprendem nada com os exemplos que vemos no exterior. Quando começa a abrir tudo, acontece uma segunda onda da doença. Alguns países voltaram até a implementar lockdown. A gente vê as coisas acontecendo, mas parece que não entendemos”, explica.
O infectologista garante que a cidade de Santos ainda não se encontra em uma situação confortável, visto que mais de 0,1% da população santista já morreu por coronavírus. Os dados atuais, divulgados pela Secretaria de Saúde, apontam que 19.302 pessoas foram contaminadas e 611 morreram durante os seis meses de pandemia.
“Não dá para considerar que está tranquilo. Não podemos normalizar isso. Eu fico horrorizado com essa normalização, é uma questão de comportamento da população. Se a gente pensar, nunca fizemos um isolamento social de verdade, foi tudo meia boca. A preocupação maior é com os idosos, que estão começando a se expor. Por serem mais vulneráveis, podemos ter um aumento no número de mortes”, finaliza.
com g1