Procurador de Justiça é suspeito de atirar em mulher após briga de trânsito em BH; PMs viram sinais de embriaguez e CNH vencida

Um procurador de Justiça, de 59 anos, foi preso na noite desta quinta-feira (1º) após atirar em direção a uma mulher, de 53 anos, depois de uma briga no trânsito, no bairro Santo Antônio, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Ela não foi atingida e passa bem.

O suspeito também resistiu à prisão e xingou os militares, que precisaram usar da força para algemá-lo, segundo as informações do boletim de ocorrência, que também registrou sinais de embriaguez e CNH vencida.

De acordo com o boletim de ocorrência, que registrou depoimentos de quatro testemunhas, tudo começou por causa de uma discussão. O crime registrado no B.O. foi de tentativa de homicídio.

A vítima, identificada no boletim como Simone Santos Vaz, contou que estava em seu carro, com a sua companheira, parada no sinal da rua Guaicuí, esquina com a Avenida Prudente de Morais, atrás do carro do procurador, identificado como Bertoldo Mateus de Oliveira Filho. Quando o sinal abriu, ele demorou a arrancar. Ela buzinou, deu ré e chamou a atenção dele.

Segundo a versão da mulher, ele passou a segui-la até a rua onde ela mora, bateu propositalmente o carro, duas vezes, na traseira do carro dela, e passou a agredi-la verbalmente, chamando de “sapatona e puta”. Ele também tentou bater nela, mas ela conseguiu desviar. Foi nesse momento que ele pegou uma arma no porta-luvas do carro e foi atrás dela.

“A vítima passou a pedir socorro, pessoas chegaram ao local para ver os fatos; a companheira da vítima chegou a ajoelhar e implorar para que ele não fizesse nada; o autor neste momento fingiu que iria embora”, diz o trecho do boletim de ocorrência.

Mas depois ele voltou e atirou contra ela. Ela conseguiu se proteger em uma pilastra da garagem e não foi atingida.

Na versão do procurador de Justiça, registrada no boletim de ocorrência, ele disse que estava em um restaurante na Rua Guaicuí e que, ao sair, foi chamado pela mulher de “idoso e filho da puta”. Foi atrás dela para saber por que foi xingado e, chegando à residência dela, tiveram uma discussão. Disse que não atirou “voluntariamente” contra a mulher e que recebeu um tiro no para-brisa de seu carro.

O G1 tentou contato com as mulheres envolvidas na ocorrência e com o procurador Bertoldo Mateus de Oliveira Filho, mas não conseguiu. O advogado de Simone, Gustavo Landi, disse que todos prestaram depoimento no Ministério Público de Minas Gerais durante toda a madrugada e que, até o final da manhã desta sexta-feira (2), o procurador continuava sendo ouvido lá. No início da tarde, o Ministério Público disse que o procurador envolvido no crime “não irá se manifestar”.

Segundo o Ministério Público de Minas (MPMG), o Procurador-Geral de Justiça, “na forma da legislação processual vigente, recebeu o expediente da Polícia Militar de Minas Gerais e determinou a abertura imediata do Procedimento de Investigação Criminal para apuração dos acontecimentos”. Ele pagou fiança, de valor não informado pelo MPMG, e já “está em sua residência”.

“De imediato, também, presidiu a lavratura do auto de prisão em flagrante pela prática, em tese, de disparo de arma de fogo em via pública, fixou fiança na forma da lei, considerando a primariedade e os bons antecedentes ostentados pelo autuado, além de possuir residência fixa e seu compromisso de atender ao chamado da justiça. Logo após, o Procurador-Geral de Justiça encaminhou os autos do procedimento ao Tribunal de Justiça para conhecimento e homologação, em razão do foro especial por prerrogativa de função. (…) Ele está em sua residência “, disse o MP.

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A Polícia Militar foi acionada às 22h10 desta quinta-feira e foi até o local, onde viram um carro preto com para-brisa quebrado entrando na contramão, em fuga, segundo o boletim de ocorrência. O carro foi perseguido e, quando parou, o procurador estava agitado e resistiu à abordagem policial, sendo necessário o uso de força para algemá-lo.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

Dentro do carro foi encontrada uma arma com uma munição já usada. Ainda segundo o boletim, o autor estava nervoso e disse que não poderia ser algemado porque era procurador de Justiça. Não apresentou documento e falou que só se apresentaria diante de um oficial.

Foi chamado o oficial do Comando Tático e, mesmo assim, o homem recusou se apresentar. Sempre segundo o boletim de ocorrência, o suspeito disse o seguinte: “que os militares eram bosta, tanto soldado, cabo e tenente eram bostas”. Um policial militar também registrou boletim de ocorrência por desacato.

Como ele estava com andar cambaleante, olhos vermelhos, fala desconexa e com cheiro de bebida alcoólica, os militares fizeram buscas por bebida no carro e encontraram a documentação do autor. Ele se recusou a fazer o teste de bafômetro.

A perícia foi ao local, onde recolheu um projétil e um chinelo. Ele não apresentou Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e, após pesquisa no Departamento de Trânsito, os policiais viram que ela está vencida desde janeiro.

Com G1