Quatorze por cento da área do Pantanal foi queimada apenas em setembro deste ano, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número já supera a área de todo o ano passado e é a maior devastação anual do território causada pelo fogo desde o início das medições, em 2002, pelo governo federal.
A área atingida no ano chega a quase 33 mil km², que equivale à soma do território do Distrito Federal e de Alagoas. No mesmo período do ano passado, a devastação causada pelo fogo chegava a 12.948 km². A devastação observada apenas nos primeiros nove meses deste ano já superam todo o ano de 2019, que teve 20.835 km² atingidos.
Antes do atual recorde, o ano com a maior área queimada era 2005, quando foram destruídos 27.472 km².
Segundo análise da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que é parceira do Inpe no monitoramento da área queimada, 26% de todo o bioma já foi consumido pelo fogo de janeiro a setembro.
Situação nos demais biomas
- Pampa – As medições já apontam recorde de queimadas. Até setembro, foram destruídos 6.044 km². O recorde anterior, considerando o ano inteiro, era de 2003, quando foram queimados 2.488 km².
- Amazônia – Se considerado apenas o acumulado entre janeiro e setembro, o bioma teve a maior perda de área desde 2010. Até setembro foram 62.311 km² de área destruída, contra 96.020 em 2010.
- Caatinga – Houve redução nas queimadas. Elas destruíram 7.775 km² contra 12.443 km² em 2019 e 13.121 km² em 2018, no período entre janeiro e setembro.
- Cerrado – Também houve diminuição em relação ao ano passado. Foram destruídos 102.390 km² até setembro deste ano contra 122.674 km² de janeiro a setembro do ano passado.
- Mata Atlântica – A área destruída pelo fogo s se manteve estável. Foram 15.055 km² queimados neste ano, contra 15.020 no ano passado, considerando apenas dados acumulados até setembro.
Avanço do fogo no Pantanal
O monitoramento do governo federal aponta ainda que setembro teve ainda o maior número de queimadas desde o início das medições em 2002. Foram 14.264 focos de calor detectados de 1º a 30 de setembro, mais de 120% maior que o mesmo mês no ano passado.
De janeiro a setembro de 2020, o bioma teve 32.910 focos de queimadas. No mesmo período no ano passado, foram 6.476 focos de queimadas.
Seca e ação humana
Felipe Augusto Dias, diretor-executivo da ONG SOS Pantanal, em Campo Grande, afirmou ao G1 que “ações humanas” são a origem dos focos de incêndio. Ele disse que a equipe do Prevfogo, do Ibama, que trabalha para apagar as queimadas na região, credita 99% do fogo à ação humana.
Com menor área inundada do bioma, que é a maior planície alagada do mundo, há mais área para servir de “combustível” para o fogo. O vento, combinado com o tempo seco, contribui para o alastramento dos incêndios.
Nesta época do ano, a região vive o seu o período seco, mas, mesmo em janeiro, na estação úmida, choveu pouco. E as chuvas, por terem sido mal distribuídas ao longo do mês, também prejudicaram o bioma, porque a água que vinha após os longos períodos de seca não era suficiente para encharcar o solo.
G1