Moradores de comunidades rurais ficam sem ter o que comer devido às queimadas no Pantanal

Os incêndios já destruíram uma área recorde do Pantanal em Mato Grosso. Famílias ficaram sem ter o que comer.

“Tudo está acabado. Tudo seco. Seco, tudo morto. Muito triste. Mas assim mesmo ainda tem gente que não acredita”, conta a aposentada Benedita Alencar Taques.

Entre julho e setembro, foram mais 3.500 focos de calor na zona rural do município de Barão de Melgaço, no Pantanal de Mato Grosso, onde Dona Benedita mora. Foram atingidos pelo fogo 602 mil hectares; entre eles, o sítio do agricultor Ernesto Nunes Canete.

“A cena mais triste que vi foi meu curral queimando e eu sem poder socorrer. Quase morri ali no fogo, para mim tentar socorrer o curral. Desculpa aí”, desabafa.

“Está muito feio, está muito queimado mesmo, não temos pasto, nunca vi nada igual. Macaquinhos vêm na porta de casa, eu procuro dar alimentos para eles. Está muito triste. A situação está horrível aí no fundo. Para nós aqui, está devastador”, relata a agricultora Raquel José de Oliveira.

Além das queimadas, a seca prejudicou a produção de alimentos. “Essa abóbora que nós colhemos esse ano aqui não tem condição de consumo, muito menos aqui dentro da nossa residência, quanto mais para venda, para o comércio”, conta Ernesto.

A mais de 100 quilômetros de lá tem saído ajuda. Uma campanha feita por organizações sociais em Cuiabá está arrecadando cestas básicas para doar para comunidades rurais de agricultura familiar, quilombolas e indígenas que ficaram sem suas produções, o próprio sustento e até água para beber.

“É muito importante essas ajudas chegarem a realmente nesses pontos, nesses locais que precisam, porque não vai ser rápido essa transformação, vai levar anos, anos, anos. As florestas vão conseguir reflorestar, vai crescer, vai levar muito tempo. Muitos animais morreram, então é um processo de readaptação para os animais e para a floresta, e principalmente para a comunidade que está lá”, diz Katy Knapp, diretora administrativa e financeira do ICV.

Já chove em alguns pontos isolados, mas ela é essencial para todas as atividades no Pantanal. Enquanto a chuva não tem força para mudar todo o cenário, qualquer apoio é bem-vindo.

“Vai ajudar porque tem gente que não sabe o que vai comer amanhã. Então, pelo menos por alguns dias, a gente já tem garantido e a família vai estar satisfeita pelo menos”, diz Edinalda Pereira do Nascimento, pescadora.

G1