66% dos candidatos que disputam novamente a eleição estão em outro partido em 2020; DEM é o que mais ganhou e PV o que mais perdeu

Dois em cada três candidatos que disputam novamente as eleições municipais trocaram de partido e se apresentam ao eleitorado com uma nova sigla em 2020, segundo levantamento feito pelo G1 com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dos 174 mil candidatos que estiveram também nas eleições de 2016, 115 mil estão com uma nova legenda.

No troca-troca partidário, o DEM, partido dos presidentes da Câmara e do Senado, foi o que mais ganhou. A legenda teve um saldo de 3,9 mil novos candidatos, contando os que saíram e chegaram.

Partidos que mais ganharam candidatos entre as eleições municipais de 2016 e 2020 — Foto: Aparecido Gonçalves/G1

Partidos que mais ganharam candidatos entre as eleições municipais de 2016 e 2020 — Foto: Aparecido Gonçalves/G1

Já o PV foi o que mais perdeu. O partido teve um saldo negativo de 2 mil candidatos considerando os dissidentes e os novos filiados.

Partidos que mais perderam candidatos entre as eleições municipais de 2016 e 2020 — Foto: Aparecido Gonçalves/G1

Partidos que mais perderam candidatos entre as eleições municipais de 2016 e 2020 — Foto: Aparecido Gonçalves/G1

Nos últimos quatro anos, vários partidos mudaram de nome e alguns se fundiram por causa das novas regras que tentam limitar o número de legendas, como a cláusula de barreira.

Essas mudanças de nome e fusões não são consideradas no levantamento, que leva em conta apenas as trocas efetivas de partido.

A troca mais comum foi do MDB para o PSD. Em seguida, a do PSDB também para o PSD.

Mudanças mais comuns de partido entre 2016 e 2020 — Foto: Aparecido Gonçalves/G1

Mudanças mais comuns de partido entre 2016 e 2020 — Foto: Aparecido Gonçalves/G1

Partidos headhunters

Especialista em migração partidária, o cientista político Marco Antonio Faganello afirma que o alto número de trocas se deve a uma prática recorrente entre os partidos, de tentar atrair pessoas que já se candidataram por outras legendas, por terem experiência e votos.

“Eles maximizam chances de ter votos e cadeiras sem precisar formar quadros”, afirma o mestre e doutorando em Ciência Política pela Unicamp, que fez um estudo sobre o tema. “Então a migração ajuda os partidos a se estabelecerem em municípios novos ou aumentarem seu ‘curral’ eleitoral. Eu até tenho um nome para isso: são partidos headhunters. Buscam candidatos competitivos, com background eleitoral.”

Segundo Faganello, um efeito negativo dessa prática é enfraquecer a ligação dos eleitores com os partidos. “O voto fica cada vez mais personalista.”

Do ponto de vista do candidato, também é vantajoso mudar, afirma o especialista. “Um candidato migra buscando uma melhor condição de ser eleito. Talvez exista alguma promessa que dê mais verba ou dê melhores condições para o candidato. Se o partido não tem presença local, principalmente nos municípios pequenos, o candidato pode se tornar uma liderança desse partido no município”, explica. “É como se fosse uma mão lavando a outra.”

Menos trocas entre os prefeitos

Os candidatos a prefeito em 2016 que concorrem novamente neste ano trocam menos de partido que os postulantes às Câmaras Municipais.

Percentual de mudanças de partido por cargo disputado pelos candidatos — Foto: Aparecido Gonçalves/G1

Percentual de mudanças de partido por cargo disputado pelos candidatos — Foto: Aparecido Gonçalves/G1

Ao todo, 8.552 se candidataram a prefeito em 2016 e disputam as eleições este ano. Desses, 4.082 mudaram de partido. É o equivalente a 47,7%, menos da metade do total.

Já entre os que tinham se candidatado a vereador, 68% trocaram de partido. Dos 158.601 que tentam novamente, 108.201 mudaram de sigla.

G1