O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, disse nesta terça-feira (10) que a decisão de suspender os testes da Coronavac foi “técnica” e indicada pela Gerência Geral de Medicamentos. Após a suspensão, o presidente Jair Bolsonaro comemorou a suspensão e considerou uma vitória sobre João Doria, governador de São Paulo.
A causa morte do voluntário da Coronavac foi suicídio. A informação foi divulgada pelo UOL e pelo Estadão e confirmada pela TV Globo no início da tarde desta terça-feira (10).
O diretor-presidente criticou a qualidade das informações repassadas pelos responsáveis pelos testes para a Anvisa, dizendo ainda que as informações foram incompletas.
“Documentos claros, precisos e completos precisam ser enviados a nós, o que não aconteceu”, disse Torres. “O que recebemos ontem não nos dava nenhuma outra alternativa.”https://audioglobo.globo.com/widget/widget.html?podcast=702&audio=319854&color=C4170C
“Em caso de dúvida, paramos. Pergunto: que mal há em aguardar os documentos? Por que o motivo de correria? Por quê? A ansiedade parece ser maior do que a de todos nós temos aqui na Anvisa que é de fornecer uma resposta”, criticou Torres.
Torres ressaltou ainda que a Anvisa não é parceria de nenhum desenvolvedor laboratório ou instituto, mas, sim, o “árbitro” na análise dos procedimentos. “A imagem que coloco é a do árbitro entre aquilo que foi feito certo e ao arrepio da norma e emite seu juízo de valor”, afirmou.
Anvisa suspende temporariamente teste da vacina CoronaVac, que será produzida no Butantan
Histórico da interrupção
A Coronavac é uma das quatro candidatas a vacina contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2) que estão sendo testadas no Brasil. O governo de São Paulo firmou acordo com o laboratório chinês Sinovac para compra de 46 milhões de doses e para transferência de tecnologia para o Instituto Butantan.
De acordo com a Anvisa, a interrupção foi determinada nesta segunda-feira (9) por causa de um “evento adverso grave”, mas a agência não deu detalhes sobre a causa específica da suspensão.
Ainda na segunda-feira, o diretor do Butantan, Dimas Covas, disse em entrevista à TV Cultura estranhar a decisão da Anvisa e afirmou que o evento adverso, um óbito, não está relacionado com a vacina.
Ataque cibernético e atrasos
A Anvisa afirmou que o evento, a morte do voluntário, ocorreu em 29 de outubro e foi notificada, dentro do prazo. A notificação enviada pelos responsáveis dos testes da Coronavac foi enviada no dia 6 de novembro, mas não foi recebida por causa de ataques cibernéticos que afetaram sistemas do governo federal.
Ainda segundo a Anvisa, em 9 de novembro a agência recebeu uma segunda comunicação do Instituto Butantan às 18h. Pouco tempo depois, depois de reunir um corpo de especialistas, às 20h47 a Anvisa enviou comunicado para o instituto determinando a suspensão do estudo.
G1