O apagão no Amapá que deixou quase 800 mil pessoas no escuro durante metade do dia não chega nos condomínios de luxo localizados em áreas distantes da região central de Macapá. ÉPOCA visitou três deles em diferentes horários durante dois dias e, em todos eles, o fornecimento estava normal.
No Verana Macapá, um condomínio com 300 lotes localizado numa das melhores regiões da capital, nunca faltou energia desde que o gerador explodiu, no dia 3 de novembro. O local tem infraestrutura completa. Os moradores desfrutam de quadra de tênis, campo de futebol, floresta e até um pântano.
O empresário Marcos Tonheiro, de 42 anos, tem uma mansão no Verana. Nem ele entende por que o apagão não alcançou a casa. Ele chegou a pesquisar preços de geradores residenciais, mas um vizinho o alertou que lá a luz não seria desligada. “Eu não me acho privilegiado porque a minha conta de luz sai R$ 3,5 mil todos os meses”, diz.
No residencial Manari Village, localizado no bairro Jesus de Nazaré, os moradores também têm luz em tempo integral. Lá, há mansões de 300 metros quadrados à venda por 3 milhões de reais. Segundo um porteiro que não quis se identificar, a energia elétrica não é desligada porque no condomínio moram desembargadores, políticos, empresários e empreiteiros. Segundo esse funcionário, a maioria dos moradores tem gerador de energia em casa com autonomia para 12 horas. “Ontem mesmo foi instalado um”, diz.
No Mônaco, bairro das Pedrinhas, a luz também é farta. Todas as casas do residencial estão iluminadas e alguns moradores já instalaram até iluminação natalina. “A energia não vai embora porque o senador Davi Alcolumbre (Democratas) mora nas redondezas”, acredita a dona de casa Rosália Palmeira, de 51 anos, residente do Mônaco. Na verdade, Alcolumbre mora no bairro de Trem, onde a energia está em esquema de rodízio. ÉPOCA visitou a casa do presidente do Senado duas vezes. Em uma delas, a casa estava no escuro. Os outros condomínios em que a energia não foi racionada são o Tropical e San Marino.
Quem administra o rodízio do fornecimento de energia em Macapá é a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA). Segundo a instituição, os condomínios de luxo citados nesta reportagem têm luz em tempo integral porque estão próximos de hospitais, cujo fornecimento não está sendo cortado em hora alguma. De fato, nas proximidades dos condomínios há Unidades de Pronto Atendimento (Upas), hospitais particulares e até o Hospital Universitário, onde funciona um centro especializado em atendimento para pacientes com Covid-19.
A CEA informou ainda que não teve tempo para administrar racionamento na distribuição de energia elétrica nos condomínios de luxo de Macapá sem comprometer o fornecimento nos hospitais porque seus técnicos estão todos atendendo demandas mais importantes na rua. No entanto, a partir deste fim de semana, o sistema será reprogramado e a falta de energia também vai chegar na casa dos ricos. A previsão é que a energia seja 100% restabelecida no Amapá só no dia 26 de novembro. A multa de R$ 15 milhões aplicada pela Justiça à Gemini Energy, responsável pelo transformador que explodiu, foi suspensa à pedido da empresa.
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