Hospital tem alta de crianças com diarreia e vômito após apagão no Amapá: ‘É a água que a gente consegue’

O Pronto-Atendimento Infantil (PAI) informou nesta sexta-feira (13) que tem registrado uma alta no número de crianças atendidas com irritações gastrointestinais, que provocam vômito e diarreia. Pais e a própria unidade de saúde suspeitam que problema tem ligação com o apagão energético que o Amapá enfrenta há mais de 10 dias.

Com a recepção lotada, instituição, que é porta de entrada do Hospital de Criança e do Adolescente (HCA), não apresentou dados dos atendimentos nos últimos dias desde o dia 3 de novembro.

O Amapá vive um racionamento devido ao apagão iniciado em 3 de novembro após incêndio que atingiu a subestação de energia mais importante do estado. O problema, além de deixar 13 municípios com falhas no fornecimento de eletricidade, também afetou o abastecimento de água.

Os médicos dão duas opções para quem, neste momento, não tiver acesso à água própria para o consumo:

  • ferver a água;
  • usar duas gotas da solução de hipoclorito de sódio para cada 1 litro de água; aguardar 30 minutos para poder consumir.
Sem energia para ter acesso a água, famílias em vulnerabilidade procuraram água em córrego em Macapá — Foto: Jorge Júnior/Rede Amazônica

Sem energia para ter acesso a água, famílias em vulnerabilidade procuraram água em córrego em Macapá — Foto: Jorge Júnior/Rede Amazônica

Os pais atribuem os casos principalmente ao consumo de água imprópria e alimentos mal refrigerados nesse período de apagão.

Esse é o caso do filho da dona de casa Cenilda Ferreira, que alegou dificuldade em acessar água tratada nos últimos dias. Caio Lucas, de 3 anos, passou mais de 24 horas com vômitos e foi o PAI já cansado e desidratado.

“Ele tá com vômito desde ontem [12]. […] É difícil comprar água. A gente dá a água que a gente consegue. Só que a água não é muito boa também”, disse a mãe.

O vigilante Mateus Aranha buscou o PAI novamente nesta sexta-feira; são 5 dias lutando com o filho com diarreia e vômito.

“Eu trouxe ele 2 dias atrás. Passaram medicamento, mandaram eu voltar pra casa e daí pra cá ele vem só piorando. Trouxe ele de novo pra ver se tomam alguma providência, pra passar pra gente qual a real situação dele. Depois desse apagão, não sei se é a água, não sei se é alimentação”, declarou o vigilante.

O PAI é a principal unidade hospitalar que atende crianças no Amapá, que tem ficado lotado em grande parte do dia com crianças que apresentam sintomas de problemas gastrointestinais.

“Por falta de energia, automaticamente faltou água, a água filtrada, a criança vai tomar água que não é filtrada, vai comer fruta que não é lavada com uma água bem limpa, então isso aí causou um aumento de diarreia e vômito”, pontuou a diretora do HCA, Maria da Graça.

A direção do HCA orienta os pais a passar primeiro em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), onde muitos casos podem ser resolvidos, e, assim, diminuir a exposição das crianças ao risco nesse momento de pandemia da Covid-19.

Energia em rodízio

A Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) informou que o rodízio deve seguir por mais 13 dias, pelo menos até 26 de novembro.

O prazo equivale ao tempo previsto para chegada em Macapá de um transformador vindo da subestação de Laranjal do Jari, no Sul do estado, a cerca de 265 quilômetros da capital. O equipamento, que pesa cerca de 100 toneladas, vai substituir um dos transformadores danificados no incêndio na subestação.

G1