Bolsonaro promete divulgar lista de países que criticam o Brasil pelo desmatamento, mas que compram madeira ilegal

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (17) que divulgará uma lista de países que criticam os números do desmatamento do Brasil, mas que importam madeira ilegal. A promessa foi feita na Cúpula do Brics, bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

“Revelaremos nos próximos dias o nome dos países que importam essa madeira ilegal nossa através da imensidão que é a região amazônica, porque daí, sim, estaremos mostrando que estes países, alguns deles que muito nos criticam, em parte têm responsabilidade nessa questão”, disse.

De acordo com Bolsonaro, esse rastreamento é possível com o uso de uma tecnologia desenvolvida pela Polícia Federal que mostra o “DNA” da madeira, permitindo a localização da origem do material apreendido e exportado.

“Creio que depois dessa manifestação, que interessa a todos, porque não dizer no mundo, essa prática diminuirá e muito nessa região”, acrescentou o presidente.

Em razão da pandemia do novo coronavírus, pela primeira vez a reunião do bloco foi virtual. O grupo foi fundado em 2006 e à época foi denominado Bric. Em 2011, a África do Sul passou a integrar o bloco, que passou a ser chamado de Brics. Desde 2009, os líderes dos países se reúnem anualmente.

O último encontro do Brics foi em novembro de 2019, em Brasília. Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro disse que a política externa do governo “tem os olhos postos no mundo”, mas coloca o Brasil “em primeiro lugar”.

O presidente Jair Bolsonaro e os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores/à esq.) e Paulo Guedes (Economia/à dir.) na Cúpula do Brics  — Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República

O presidente Jair Bolsonaro e os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores/à esq.) e Paulo Guedes (Economia/à dir.) na Cúpula do Brics — Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República

OMS, OMC e ONU

Na cúpula desta terça Bolsonaro voltou a criticar a atuação da Organização Mundial da Saúde (OMS) no combate à pandemia do novo coronavírus e aproveitou a reunião para defender uma reforma do organismo.

“Desde o início também critiquei a politização do vírus e o pretenso monopólio do conhecimento por parte da OMS, Organização Mundial da Saúde, que necessita urgentemente, sim, de reformas”, disse Bolsonaro.

Bolsonaro aponta necessidade de reforma da OMS e da OMC

Bolsonaro aponta necessidade de reforma da OMS e da OMC

O presidente também apontou a necessidade de mudanças na Organização Mundial do Comércio (OMC) e da articulação do Brics para garantir assentos permanentes a Brasil, Índia e África do Sul no Conselho de Segurança das Nações Unidas. China e Rússia já têm cadeira permanente no conselho.

“Assim como o Brics alcança consensos e manifesta opiniões comuns em diversos temas, também é preciso que o Brics se coordene para apoiar as legítimas aspirações de Brasil, Índia e África do Sul a assentos permanentes no Conselho de Segurança”, afirmou Bolsonaro.

O presidente voltou a citar que seu governo agiu para lidar com as crises de saúde e econômica provocadas pela pandemia. Segundo ele, o Brasil trabalha na “busca de uma vacina segura e eficaz contra o covid-19”.

Declaração de Moscou

Após a reunião de cúpula, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou a “Declaração de Moscou”, uma manifestação conjunta dos líderes dos cinco países do Brics.

No texto de mais de 90 itens, os líderes reconheceram a necessidade de um sistema de organismos multilaterais “revigorado e reformado”, o que inclui ONU, OMC, OMS e Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Reiteramos o chamamento por reformas dos principais órgãos das Nações Unidas. Comprometemo-nos a incutir novo ânimo nas discussões sobre a reforma do Conselho de Segurança da ONU e a continuar o trabalho para revitalizar a Assembleia Geral e fortalecer o Conselho Econômico e Social”, diz trecho do texto.

O bloco também reconheceu a candidatura do Brasil a uma vaga no Conselho de Segurança no biênio 2022-2023.

Os chefes dos cinco países ressaltaram a importância da “ampla imunização” para “pôr fim à pandemia, assim que vacinas seguras, de qualidade, eficazes, eficientes, acessíveis e econômicas estiverem disponíveis”.

Os líderes reconheceram as iniciativas da OMS, governos e organizações sem fins lucrativos para acelerar a pesquisa e o desenvolvimento de uma vacina.

“Reconhecemos o papel fundamental do sistema das Nações Unidas, incluindo a OMS, na coordenação da resposta global abrangente à pandemia da COVID-19 e os esforços centrais dos Estados nesse sentido”, diz o texto.

G1