A farmacêutica norte-americana Pfizer e o laboratório alemão BioNTech disseram nesta quarta-feira (18) que fizeram uma proposta ao governo brasileiro para comercialização da vacina BNT162b2 contra a Covid-19.
Pela manhã, as empresas anunciaram a conclusão dos testes e que o imunizante tem 95% de eficácia.
“A Pfizer fez uma proposta ao governo brasileiro, em linha com os acordos que temos fechado em outros países – inclusive na América Latina, que permitiria vacinar alguns milhões de brasileiros no primeiro semestre, sujeita à aprovação regulatória”, informou a empresa em nota.
A empresa disse ainda que “trabalhará em parceria com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para fornecer todos os dados necessários para avaliação” de segurança da vacina.
O Brasil ainda não fez acordo para adquirir o imunizante, mas nesta semana o governo brasileiro recebeu executivos da Pfizer para, segundo o Ministério da Saúde, “conhecer os resultados dos testes em andamento e as condições de compra, logística e armazenamento oferecidas pelo laboratório”.
Baixíssimas temperaturas
Além de afirmar que pretende comercializar o imunizante após a aprovação da Anvisa, a empresa destacou ainda em nota que já traçou estratégias para contornar o que vem sendo apontado com um dos pontos de atenção em relação ao imunizante: a necessidade de conservação em baixíssimas temperaturas.
“A companhia elaborou um plano logístico detalhado com ferramentas para apoiar o transporte eficaz, armazenamento e monitoramento contínuo da temperatura da potencial vacina contra a Covid-19. Para isso, foi desenvolvida uma embalagem especial (em formato de caixa) com temperatura controlada, fácil de transportar e manipular, que utiliza gelo seco para manter a condição de armazenamento recomendada (…) por até 15 dias”, disse a empresa.
Conclusão dos testes da fase 3
A BNT162b2, que está sendo testada no Brasil, foi a primeira vacina a ter os testes de fase 3 concluídos. Os resultados mostraram que a eficácia alcançada foi de 95% na prevenção à doença, e não houve efeitos colaterais graves. Os dados ainda não foram publicados em revista científica.
De acordo com um comunicado da Pfizer, os estudos da vacina analisaram 170 casos confirmados do novo coronavírus. Os testes também envolveram pessoas com mais de 65 anos e, a partir desta faixa etária, a vacina se mostrou mais de 94% eficaz.
A taxa de eficácia representa a proporção de redução de casos entre o grupo vacinado comparado com o grupo não vacinado. Na prática, se uma vacina tem 95% de eficácia, isso significa dizer que a pessoa tem 95% menos chance de pegar a doença se for vacinada do que se não for.
A farmacêutica destacou que todos os dados de segurança exigidos pela agência americana de saúde, a Food and Drug Administration (FDA), para a Autorização de Uso de Emergencial foram alcançados. Com isso, a Pfizer informou que pretende entrar com o pedido de uso emergencial da sua vacina “em poucos dias”, sem dar uma data específica.
A empresa informou ainda que pretende produzir globalmente até 50 milhões de doses de vacina em 2020 e 1,3 bilhão de doses até o final de 2021.
Em julho, os Estados Unidos fecharam acordo com os laboratório para comprar 100 milhões de doses ainda este ano pelo valor de US$ 1,95 bilhão.
Principais pontos do anúncio
- A Pfizer analisou os dados depois de 170 participantes terem Covid-19
- Dessas 170 pessoas, 8 tomaram a vacina experimental e 162 receberam o placebo (uma substância inativa)
- Os testes envolveram 43.661 voluntários distribuídos entre Estados Unidos, Brasil, Argentina, Alemanha, Turquia e África do Sul
- A eficácia observada em adultos entre 65 e 85 anos foi superior a 94%
- A eficácia começa após 28 dias da aplicação da primeira dose da vacina
- Entre os efeitos colaterais, 3,8% apresentaram fadiga e 2% tiveram dor de cabeça
- Os dados que a farmacêutica anunciou ainda não foram publicados em revista científica
- A vacina da Pfizer é aplicada em duas doses
Brasil recebeu executivos da Pfizer
O Ministério da Saúde informou na terça-feira (17) que recebeu executivos da Pfizer, mas não foram anunciadas compras do imunizante pelo governo brasileiro.
“O objetivo é conhecer os resultados dos testes em andamento e as condições de compra, logística e armazenamento oferecidas pelo laboratório. A aquisição dos imunizantes deve ocorrer à medida em que os ensaios clínicos apontarem a total eficácia e segurança dos insumos e o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) for realizado” – Ministério da Saúde.
Atualmente, duas candidatas a vacina estão sendo desenvolvidas no país: AstraZeneca/Oxford, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, e Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan. Também existe acordo do governo do Paraná com a vacina Sputnik V, do Instituto Gamaleya, da Rússia.
Em outubro, o Ministério da Saúde chegou a anunciar a compra de 46 milhões de doses da vacina chinesa CoronaVac. No dia seguinte, o presidente Jair Bolsonaro negou que o governo iria comprar as doses em uma rede social: “Não compraremos a vacina da China”. O secretário-executivo do Ministério, Elcio Franco, repetiu a afirmação do presidente horas depois: “não há intenção de compra de vacinas chinesas”.
Em 9 de novembro, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou que o estado vai receber as 120 mil primeiras doses da CoronaVac – desenvolvida pela Sinovac com o Instituto Butantan – na sexta-feira, 20 de novembro. Até agora, este é o anúncio mais avançado sobre a chegada de vacinas no Brasil.
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