A Polícia Federal esteve nesta quinta-feira (19) na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa, para negociar com os manifestantes que ocupam a Reitoria da instituição desde 5 de novembro. Estudantes, professores e servidores ocupam a UFPB como forma de protesto à nomeação de Valdiney Gouveia, feita por Jair Bolsonaro.
Após a negociação, os manifestantes retiraram objetos que estavam na rampa que dá acesso à Reitoria, apesar de o prédio estar fechado pela própria administração da universidade, devido à pandemia do novo coronavírus. Ficou acordado que a ocupação pode continuar no pátio da Reitoria.
De acordo com o advogado dos manifestantes Arthur Angelo, a liminar de reintegração de posse não impede a manifestação, já que os alunos não impossibilitam a entrada na Reitoria.
Além da retirada de objetos da rampa, a Polícia Federal também atendeu ao pedido dos estudantes de marcar uma conversa sobre as violências no campus. A reunião vai acontecer na tarde desta quinta-feira (19).
“A entrada de Valdiney com zero votos não é a única violência que acontece aqui, vamos dialogar pra expor certas questões como a morte de Alph, ainda sem soluções, e expor as situações de violência, assédio e transfobia que acontecem aqui no campus”, disse Arthur.
Além da conversa com a polícia, os estudantes estão organizando uma programação diária com cafés da manhã, rodas de debate e atrações culturais na ocupação.
Nomeação de reitor da UFPB e protestos
No dia 5 de novembro, o professor Valdiney Veloso Gouveia foi nomeado reitor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para os próximos quatro anos. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).
O docente foi o último colocado na consulta online entre os professores, técnico-administrativos e alunos, com soma ponderada e normalizada de 106,496. Além disso, Valdiney não teve nenhum voto durante a formação da lista tríplice pelo Conselho Universitário (Consuni).
Valdiney Veloso é empossado como novo reitor da UFPB — Foto: Oriel Farias/Divulgação/Arquivo
A Chapa 2, denominada “Inovação com inclusão”, de Terezinha Domiciano e Mônica Nóbrega, venceu a consulta online da universidade, com soma ponderada e normalizada de 964,518. A chapa também liderou a lista tríplice da Consuni, com 47 votos.
A nomeação de Valdiney Veloso foi vista como um desrespeito pela comunidade acadêmica. No mesmo dia da nomeação, 5 de novembro, alunos, técnicos, professores e integrantes do movimento estudantil realizaram um ato contra a decisão, em frente à reitoria da UFPB.
Também desde 5 novembro, estudantes ocupam o pátio da reitoria da UFPB, como forma de protesto. Os alunos afirmam que só vão sair do local quando a nomeação do novo reitor for revogada. Eles divulgam atividades nas redes sociais como debates, oficinas, atividades culturais e atos de protesto, que acontecem no lugar da ocupação.
Na terça-feira (11), os alunos fizeram a posse simbólica de Terezinha Domiciano. Na quarta-feira (12), Valdiney Gouveia foi recebido com ovos pelos estudantes, durante sua posse oficial.
Nesta terça-feira (17),as professoras Terezinha Domiciano e Mônica Nóbrega, candidatas da chapa mais votada na consulta pública para a reitoria, deram entrada em um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que os votos da consulta pública sejam considerados.
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