O Amapá chega neste domingo (22) ao 20º dia de apagão após dois blecautes e quase 90% da população com fornecimento de eletricidade racionado. Nem o acionamento de geradores termoelétricos no sábado, com a presença do presidente Jair Bolsonaro, garantiram a retomada completa do fornecimento. A crise energética afeta 13 dos 16 municípios.
A noite de sábado e a madrugada deste domingo (22) foram de calor e frustração em bairros de Macapá. Em muitos locais, nem o rodízio que fornece energia em períodos de 3 em 3 horas cumpriu os horários previstos, gerando mais desconforto e temor pela queima de eletrodomésticos.
Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), os 47 geradores instalados em subestações da capital e da cidade vizinha de Santana seriam suficiente para atingir os 100% da carga necessária para abastecer todas as cidades, porém no sábado foram ligados só 20 megawatts dos 45 contratados. O restante entrará em operação neste domingo, anunciou a pasta.
O governo federal havia anunciado que 100% do estado teria energia com os geradores termoelétricos neste sábado, mas agora o discurso foi de que esse é o início do restabelecimento completo.
“Podemos dizer que estamos nos aproximando dos 100%. Acredito que nos próximos dias, como visto há pouco ao darmos o ‘start’ de novos geradores de pequeno potencial, mas que no somatório brevemente atingiremos a plena suficiência”, declarou Bolsonaro, em coletiva.
Todo o Amapá só deve ter eletricidade na quinta-feira (26), com a instalação de um novo transformador na principal subestação do estado.
Moradores voltaram a protestar pela ausência do serviço na noite de sábado. Na Zona Oeste da capital, um grupo sentou na Rodovia Duca Serra e interditou parte da via. A Polícia Militar (PM) informou que, desde o início da crise, foram 120 protestos no estado.
Para quem esperou a luz voltar, o sentimento foi de revolta, principalmente pela dificuldade em dormir e fazer tarefas básicas ao longo da noite de sábado.
“Meu ‘rodízio’ me deixou sem luz de 1h até 4h. Achei que ia voltar com esses geradores, mas ficamos no calor. Agora a previsão completa é até dia 26. Até quando vamos aguentar”, lamentou a autônoma Griciane Santos, moradora da Zona Norte de Macapá.
Crise no fornecimento
O Amapá já sofreu dois blecautes totais: um no dia 3, que levou 4 dias para o fornecimento ser retomado parcialmente, e outro na terça-feira (17), ajustado em cerca de 5 horas.
Nas últimas 3 semanas, o amapaense conviveu com parte do dia sem energia, já que foi estabelecido um sistema de rodízio e racionamento por regiões. Foi necessário manter novos hábitos em casa e no trabalho, até mesmo porque o cronograma nem sempre era cumprido.
Os geradores movidos à combustível podem garantir o retorno total do serviço de forma gradual, que deve ser normalizado completamente só na quinta-feira (26), segundo o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Inicialmente, o governo federal deu prazo de 10 dias para solucionar o problema, o que não aconteceu.
A distribuidora de energia, chamada Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), já informou que não garante o restabelecimento de 100% de imediato do serviço e adiantou que o rodízio será suspenso, mas ainda vão ocorrer interrupções em horários de pico.
Os geradores vão garantir o abastecimento até que mais dois transformadores da principal subestação do estado voltem a funcionar. E, depois, eles ficam de retaguarda, para evitar novos blecautes.
Na Subestação Macapá, há somente um transformador funcionando. Para garantir energia para todo o estado é necessária a instalação de um segundo, que deve ser energizado até o dia 26 de novembro.
E ainda, para operar com segurança de reserva de energia, o estado recebe um terceiro transformador enviado de Boa Vista, que deve chegar em dezembro.
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