Viúva de empresário assassinado no ‘crime da Berrini’ é julgada em SP acusada de mandar matar marido; crime ocorreu em 2015

Assassinato na região da Berrini foi encomendado, diz delegado — Foto: Glauco Araújo/G1

A professora Eliana Freitas Areco Barreto, viúva do empresário Luiz Eduardo de Almeida Barreto, assassinado em 2015 no caso que ficou conhecido como “crime da Berrini”, está sendo julgada nesta quarta-feira (2) acusada de mandar matar o marido em São Paulo. Ela responde ao crime presa, mas nega a acusação.

O julgamento da ré ocorre na 1ª Vara do Júri do Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste da capital. A expectativa é de que ele termine na quinta-feira (3). O assassinato do diretor comercial de 49 anos teve repercussão à época por ter sido encomendado e gravado por câmeras de segurança, além de ainda envolver um triângulo amoroso.

O Ministério Público (MP) acusa Eliana e o amante dela, o inspetor de segurança Marcos Fábio Zeitunsian, de contratarem o pistoleiro Eliezer Aragão da Silva por R$ 5 mil para simular um assalto e matar Luiz Eduardo.

A vítima foi morta a tiros na tarde do dia 1º de junho de 2015, quando voltava do almoço com um colega de trabalho, na Rua James Watt, uma travessa da Avenida Luis Carlos Berrini, no Brooklin, área nobre da Zona Sul. O caso ficou conhecido como “crime da Berrini” numa referência à avenida.

Processos

Gerente de empresa é executado durante um assalto na zona sul da capital

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Como o processo do assassinato de Luiz Eduardo foi desmembrado em três processos, o amante da viúva e o pistoleiro já foram presos, julgados e condenados separadamente em outros júris populares.

Eliana está presa preventivamente desde 5 de agosto de 2019 na Penitenciária Feminina de Tremembé, interior do estado. Nesta quarta (2), ela foi transferida para a capital para participar do julgamento e se defender da acusação de “homicídio qualificado por motivo torpe, emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima e agravado por ter sido cometido contra cônjuge”.

De acordo com a Promotoria, o casal de amantes Eliana e Marcos decidiu mandar matar Luiz Eduardo porque a mulher queria se separar do marido. Os dois planejavam se casar, morar juntos e ficar com o dinheiro da herança da vítima para abrir um negócio para o inspetor, segundo a acusação.

Viúva

Acusada de matar marido em SP diz que não planejou o crime

Acusada de matar marido em SP diz que não planejou o crime.

A professora e o empresário moravam na cidade de Aparecida, região do Vale do Paraíba, interior de São Paulo, mas ele trabalhava na capital. O casal teve dois filhos. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Eliana para comentar o início do julgamento nesta quarta (2).

Em entrevista ao Fantástico em julho de 2015, a viúva confirmou o romance com Marcos, mas negou que tivesse combinado com o inspetor de matar o marido dela (veja vídeo acima).

“Não planejei, não mandei matar”, se defendeu Eliana à época.

O julgamento é conduzido pelo juiz Luis Gustavo Esteves Ferreira. Caberá a ele dar a sentença a partir da decisão dos sete jurados, que poderão absolver ou condenar Eliana. Procurado nesta quarta pelo G1, o promotor do caso, Fernando Cesar Bolque, não quis comentar o assunto.

Amante

Amante de professora confessa assassinato de executivo

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No último dia 29 de outubro deste ano, o inspetor de segurança Marcos foi condenado a 14 anos de prisão pela Justiça por ter encomendado o assassinato de Luiz Eduardo. Ele alegou que foi manipulado pela professora para planejar a morte da vítima.

O homem cumpre a pena no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, Zona Oeste da cidade.

Também no Fantástico, em junho de 2015, uma gravação feita pela polícia durante interrogatório mostra o inspetor confirmando que se encontrava com Eliana. No vídeo ele conta que foram os dois que decidiram encontrar alguém para assassinar o empresário.

“A ideia foi em conjunto”, falou Marcos naquela ocasião.

Pistoleiro

Câmera gravou momento em que Eliezer Silva (à direita) atira em Luiz Eduardo (à esquerda). — Foto: Reprodução/Arquivo/TV Globo

Câmera gravou momento em que Eliezer Silva (à direita) atira em Luiz Eduardo (à esquerda). — Foto: Reprodução/Arquivo/TV Globo

Em 3 de maio de 2017, o pistoleiro Eliezer já havia sido condenado pela Justiça a 26 anos de prisão por matar e roubar Luiz Eduardo. Ele, no entanto, morreu 3 de setembro de 2018 após passar mal na prisão. O homem tinha 50 anos de idade e faleceu devido a complicações cardíacas e pulmonares quando estava cumprindo sua pena no Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes, interior do estado.

Foi a partir da prisão de Elizer que a Polícia Civil esclareceu o assassinato de Luiz Eduardo e prendeu os acusados de serem mandantes do crime.

Eliezer havia sido preso em flagrante pela Polícia Militar (PM)momentos depois de matar o empresário em 2015. É ele quem aparece nas imagens registradas pelo sistema de segurança de imóveis vizinhos atirando no empresário.

Polícia apresentou a arma que teria sido usada no crime na Berrini — Foto: Glauco Araújo/G1

Polícia apresentou a arma que teria sido usada no crime na Berrini — Foto: Glauco Araújo/G1https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

À época, Eliezer confessou o assassinato, dizendo que tinha sido contratado por Marcos para matar o empresário, porque este era pedófilo e estuprou a filha do inspetor, que teria 7 anos.

Mas era mentira. Marcos usou esse motivo para convencer Eliezer a matar o diretor.

Eliezer, que tinha o apelido de Carioca, estava em liberdade condicional. Ele já havia cumprido pena de 17 anos de cadeia por latrocínio, que é o roubo seguido de morte. E tinha saído da cadeia um mês antes do crime.

Para matar Luiz Eduardo, Eliezer simulou um assalto, atirou na vítima e roubou os pertences dela.

Assassinato na região da Berrini foi encomendado, diz delegado — Foto: Glauco Araújo/G1

Assassinato na região da Berrini foi encomendado, diz delegado — Foto: Glauco Araújo/G1